Marcelo Carneiro & Colorado: um papo com o dono da cerveja do ursinho (parte dois)

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texto e edição: Cilmara Bedaque

fotos: Cilmara Bedaque e Marcelo Carneiro

Vamos à segunda parte da entrevista que fiz com Marcelo Carneiro, dono da Cervejaria Colorado, conhecida por todos pelo mascote do ursinho. Não leia esta segunda parte sem ter lido a primeira para captar a fluidez do papo.
Cilmara – Você falou que compra quantas toneladas de rapadura atualmente?
Marcelo – Uma tonelada.

Cilmara – Quantos litros você produz hoje e quais são os planos pra 2015 porque eu sei que você está expandindo a fábrica… Aí na mesma pergunta, tudo junto, hoje a empresa não é mais familiar, você deu uma profissionalizada na empresa. Fala sobre tudo isso, Marcelo…

Marcelo – A Colorado faz de 150 a 200 mil litros num mês bom. Nós terceirizamos a produção em mais duas indústrias, a Cevada Pura e a Lund. Tudo isso tem uma história bacana e eu sou orgulhoso dela. Por que eu terceirizo na Cevada Pura? O Alexandre, dono da Cevada Pura, foi o primeiro estagiário da Colorado. A Colorado é também uma incubadora de outras empresas. O Rodrigo, da Invicta, começou como motorista da Colorado. Foi prático, cervejeiro da Colorado, hoje tem sua própria cervejaria. A Lund é uma cervejaria bem pequena de Ribeirão, tem os tanques que a gente precisa pra algumas tiragens e a gente faz com eles, também porque são da nossa cidade. Em Ribeirão Preto a gente tem uma cena cervejeira muito bacana porque todo mundo se ajuda. Às vezes falta fermento, ou falta garrafa e a gente tenta sempre, dentro do possível, se ajudar um ao outro. Estamos sempre nos encontrando, bebendo juntos. É muito importante que nas outras cenas cervejeiras, porque a gente tem outros focos, tem Curitiba, tem Minas Gerais, é importante haver esse entendimento. E eu acho que isso está acontecendo nas outras cidades do país.

Quanto a se profissionalizar, não tem jeito, gente, eu fico falando isso. Ficamos muito contentes de ganhar medalha, mas mais bacana é você conseguir fazer uma cerveja com repetibilidade todo o dia, entregar, pagar os seus impostos… Isso é uma coisa dura de dizer porque é muito fácil ficar falando que vivemos num país injusto… Eu comecei a me rebelar contra os impostos, mas eu vi que quando você não paga, você não tem direito nenhum. Então comecei aos trancos e barrancos a pagar o meu, eu meio que fui até voluntário para colocar o SICOBE na minha fábrica e isso me custou muito, mas por outro lado me fez aprender, me obrigou a me profissionalizar, porque quando você tem o SICOBE você está pagando imposto até pela garrafa quebrada, por todos os seus amadorismos.

dica para o leitor: SICOBE é um sistema que a Receita Federal coloca na fábrica que fotografa cada garrafa e manda para a própria Receita online. É um sistema de controle que a indústria de armas no Brasil não tem.

Marcelo – Eu achava uma coisa totalmente orwelliana, mas se for um instrumento de justiça não me incomoda ter. A gente foi falar com o governo, quando eu era presidente da ABRACERVA (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal), fui falar pelos menores e pelos maiores que eu. Estávamos conversando e o governo foi bem claro: se vocês não se legalizarem não vai ter conversa, não vai ter diminuição de imposto, vocês precisam ser vistos como pessoas sérias. Aí a gente propôs para eles um sistema em que o produtor que faz até 100 mil litros de cerveja vai ter um selo na garrafa, igual tem a cachaça e o vinho. Até 100 mil litros, que é a grande maioria do mercado. E os maiores vão ter o SICOBE.

Cilmara – Essa é a pergunta que eu ia fazer para você na seqüência. O mercado de artesanal está crescendo em todo o mundo. Agora, eu sei também que em vários lugares, sei mais dos Estados Unidos, existe uma isenção de impostos fantástica até o primeiro milhão de litros.

Marcelo – Lá é muito mais do que isso. O primeiro milhão de litros foi o que a gente conseguiu aqui. O primeiro milhão tem 10% de abatimento, o que ainda é pouco. Lá eles têm proteção até 3% do mercado e ninguém ainda chegou em 3%. A Samuel Adams, que é a maior micro cervejaria americana, tem 2 virgula alguma coisa do mercado. E é a maior cervejaria puramente americana. Isso é para mostrar que todos os governos estão preocupados com esse fenômeno da concentração do mercado cervejeiro. Por quê? Eu não quero assim criticar só a desigualdade, eu não sou contra a desigualdade desde que ela sirva a um bem comum. Essa fala não é minha, é do Thomas Piketty, esse cara que escreveu aí o “Capital no século 21”. Tem que haver um espaço para a livre iniciativa. Porque senão é ruim para o agricultor que está lá embaixo, é ruim para a grande indústria também porque ela acaba sucumbindo diante do peso dela mesma. Ela acaba mal vista. Ela é culpada de todos os males do álcool, ela não pode produzir, por exemplo, todos esses bens culturais que as pequenas podem vir a criar. A cerveja tem que ser equiparada ou fazer um trabalho melhor do que o do vinho. Eu acho que o vinho é mais bem visto como produto. Nós, pequenos, temos que trabalhar também nessa parte de responsabilidade social e alçar bandeiras maiores, como mobilidade urbana e embates intelectuais maiores do que a grande indústria.

Cilmara – Você foi o primeiro presidente da ABRACERVA que, finalmente conseguiu se formar. Muito se lutou para que ela conseguisse existir até.
Marcelo – Isso
Cilmara – Vocês chegaram a Brasília e começaram a argumentar as leis que seriam aprovadas ou não. Eu queria que você contasse pra gente qual foi a vitória e qual foi a maior derrota da associação e qual a grande dificuldade que você vê na aprovação das idéias que a associação defende lá dentro do governo

Marcelo – A maior vitória foi, nessa legislação que esta para vir, ser reconhecido finalmente como um animal diferente. Não é possível que o governo não estivesse vendo que no Brasil tem um mercado só com quatro empresas. E as que fazem cerveja especial têm por volta de 1% deste mercado. Aí tem 300 empresas, 100% nacionais, sem motor de banco, que são iniciativa da classe media brasileira, que justamente é o pessoal que montou, ao longo dos últimos anos, e que quer ter acesso. Não quer só consumir, quer produzir também.

Cilmara – Empregam quantas pessoas, Marcelo, você tem essa noção?
Marcelo – Muito mais pessoas por hectolitro do que uma grande cervejaria. Eu não tenho essa noção exata.
Cilmara – Porque é menos automatizada?
Marcelo0 – Exatamente, eu posso falar por mim, eu emprego 70 famílias. Se for extrapolar a Colorado para as grandes, é muito, muito, muito mais. Vai alem da questão do imposto. Vai para a questão da livre escolha do consumidor, o consumidor tem direito de escolher o que quer beber. A classe média tem direito a querer ter a sua indústria. Por que o cara que tem seu dinheirinho pode abrir uma padaria, mas não pode abrir uma cervejaria? Porque há uma legislação que foi desenhada só pros grandes. São exatamente os mesmos ingredientes. Não tem lógica. E somos nós que podemos quebrar a hegemonia que existe no consumo do álcool se a gente trabalhar direito.

Cilmara – E qual foi a maior derrota?
Marcelo – A maior derrota é as pessoas que me perguntam qual é o maior concorrente da Colorado. É o mesmo, é o maior concorrente de todas as pequenas. É a concorrência da ignorância. É as pessoas acharem que a cerveja e uma coisa monolítica, que não tem nada por trás da cerveja, que só tem gente querendo ganhar dinheiro. Que a cerveja não tem história, que a cerveja é uma bebida amarela com um pouco de malte e só gente ambiciosa por detrás. Não, a cerveja tem muita riqueza por trás, a cerveja tem muita história. A cerveja não estaria do lado da humanidade há oito mil anos se não tivesse essa vantagem. Até às pessoas que têm uma objeção religiosa quanto ao consumo, eu queria lembrar a essas pessoas que o primeiro milagre que Jesus Cristo fez foi multiplicar a bebida alcoólica. É lógico que aqui a gente não está defendendo o excesso, existem as famílias que são destruídas pelo excesso de álcool… A gente está defendendo que a cerveja aproxima as pessoas. Mas isso acontece com todas as coisas, às vezes você dá um carro para uma pessoa e ela fica se sentindo a rainha do mundo e atropela outra. Então vamos proibir os carros? Vamos olhar as coisas sob a perspectiva apropriada.
Na Europa, vários mosteiros fazem cerveja e os monges bebem.

Cilmara – Tive o prazer de visitá-los com a Vange, foi ótimo. Inclusive os ciclistas bebem. Era muito engraçado, a gente na Bélgica, em um restaurante de mosteiro, de repente uma turma de ciclistas, todos paramentados, entram, tomam uma tacinha e continuam o passeio de domingo, a viagem que eles estavam fazendo…

Marcelo – A cerveja não iria estar com a gente há tanto tempo se não fizesse bem. Eu li um livro francês que um médico compara todas as causas possíveis de morte em gente que bebe e em gente que é abstêmia. E provava que os abstêmios morrem mais de causas diversas tudo, inclusive, infelicidade, tensão, stress, suicídio, que os que bebem moderadamente.

Cilmara – A Colorado vai crescer em 2015? Vai ter fábrica nova?
Marcelo – Vai ter fábrica nova. Crescer é importante, mas crescer sem perder a ternura. (risos)
Cilmara – vocês vão duplicar a produção? Quais são os números?
Marcelo – Olha eu não sei, porque a gente não tem motor de banco, não sou um grande financista. Vou crescer na medida em que a minha grana der. Eu agora tenho espaço, disso estou gostando muito. Vou ter meu poço de água próprio, estou muito contente com isso, lá em Ribeirão.

Cilmara – Isso é ótimo, porque é uma água boa também, né?
Marcelo – Vem do Aqüífero Guarani direto. Estou numa pegada ecológica também na fábrica. Enfim, estou muito animado porque fiquei muitos anos nesse lugar pequeno, batalhando, muita gente lançando coisa nova e a Colorado ali, grande no nome, mas pequenininha na fábrica e agora esse ano, puf, a gente vai ter espaço de novo!

Cilmara – Pra 2015 então continuam os quatro rótulos fixos, a Indica…
Marcelo – A Appia, a Demoiselle, a Cauim e a Vixnu que agora entrou também nas fixas. A gente vai fazer algumas colaborativas e tal. A Colorado não lança muitos rótulos. Ela tem uma coisa diferente, que ela acha que cada cerveja é como se fosse um filho. Isso é uma filosofia nossa, combinada com o Randy, desde o começo. Ele disse “cada cerveja tem que ter um nome e uma história” e a gente acredita nisso. A gente não lança muito, somos um clássico das cervejarias.
Cilmara (rindo) – São os Paralamas das artesanais…
Marcelo – Isso. A gente não lança muita coisa, mas tenta lançar coisas boas.

Cilmara – Para o ano virão algumas sazonais então. Não necessariamente as mesmas deste ano?
Marcelo – Está vindo a colaborativa que a gente fez com a Tupiniquim e a norueguesa Nogne Ø, que tá muito boa, uma Saison, a Ybá-Ia, com adição de uvaia. Com a St. Feuillien, lá da Bélgica, fizemos outra Saison, a Marguerite que, inclusive, homenageia a contribuição feminina para a história da cerveja. Isso tudo pra gente é um aprendizado porque a gente está querendo fazer a nossa própria Saison. Usamos esse conhecimento dos outros porque mais tarde a gente vai fazer a nossa. Talvez ela entre em linha, talvez ela seja uma sazonal como o próprio nome diz. O futuro vai dizer…

E aí continuamos nosso papo, mas adentramos outros assuntos que não têm nada a ver com a pauta desta entrevista. E, dessa maneira, pude conhecer mais demoradamente e entender porque Marcelo é um dos lideres do movimento da cerveja artesanal brasileira. Pude ver também como a experiência nos transforma em dinos, mas com inteligência e mobilidade a renovação está na virada da esquina. Longa vida a Colorado!

P.S.: No meio cervejeiro todos sabem que a Ambev está cercando as cervejarias de Ribeirão Preto. A gigante quer ter uma base nesta região que é rica em tradição e em fábricas importantes. O Lupulinas bebe e observa… ;)

 

Brew Dogs, uma série na TV

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Em 2010, o dono da Dogfish Head Brewing conduzia uma série, exibida pelo Discovery, onde viajando pelo mundo ele pesquisava receitas e, muitas vezes, fazia cervejas em parceria com produtores locais, fossem no Peru, no Egito ou na Itália. Esta série, a Brew Masters de Sam Calagione, só teve uma temporada já que, conta-se, o Discovery foi pressionado por uma cervejaria da Grande Indústria que era patrocinadora do canal.

 Nestes três anos, o mercado cresceu muito em todo o mundo e, desde o ano passado, uma nova série caiu no gosto dos cervejeiros. É a Brew Dogs, exibida no canal Esquire Network e apresentada pelos donos da cervejaria BrewDog, os escoceses James Watt e Martin Dickie. Com uma linguagem dinâmica e cheia de rock and roll, eles viajam pelos Estados Unidos, visitando cervejarias e bares locais e apresentando as artesanais para iniciantes. O estilo radical é uma das marcas da BrewDog em suas receitas e rótulos.

O primeiro ano da série foi sucesso em todo o mundo, mesmo em lugares como o Brasil onde o Esquire não consta da grade. Afinal é só ir ao Google e descobrir onde baixar os arquivos e assistir confortavelmente quando você quiser. Tipo aqui

 O primeiro episódio da segunda temporada foi ao ar no 25 de junho passado e mostrou os caras na cervejaria Fullsteam (Carolina do Norte), bolando uma receita para produzir a cerveja mais calórica do mundo. Acabou saindo uma Imperial Stout com bacon e maple syrup /o\ o que comprova como os caras são determinados, sem limites e bem humorados quando tem uma missão a cumprir. Antecipamos que novos episódios serão exibidos com os Brew Dogs visitando as fábricas da NOLA Brewing, Lagunitas, Dogfish Head, Iron Hill Brewery, Ska Brewing, Golden Road Brewery e Revolution Brewing. Em Las Vegas, a cidade mais demente em relação à grana e status, eles prometem fazer a cerveja mais cara do mundo usando ouro, retirado de computadores velhos e eletrônicos que estavan na sucata. No meio destes desafios, eles vão mostrando os bares mais incríveis da região e despertam na audiência a vontade de experimentar e testar artesanais.

 Na série, além de aprender como se faz cerveja, você vai ver os dois malucos produzindo receitas em condições inusitadas como em um trem em movimento e testemunhar a primeira cerveja fabricada na forma de vapor, para ser bebida como nevoeiro. Além das maluquices, os dois desempenham uma função de sacerdotes punks andando pelas ruas e levando pessoas virgens, como eles chamam, para experimentar e converte-las ao gosto pelas artesanais. O bom humor é que faz o programa ser educativo sem ser pedante ou metido a hipster. Prestigiando a cerveja local, a auto-estima e as atividades culturais dos habitantes da cidade também são valorizadas.

 

Fazendo Cerveja na Calçada

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O Projeto Cerveja em Dupla é uma iniciativa da Acerva Paulista (Associação dos Cervejeiros Artesanais Paulistas) e do bar Empório Alto dos Pinheiros (EAP) que convida dois cervejeiros para inventar uma receita e fazer uma brassagem na calçada do bar. O clima é sempre divertido pela situação surpreendente e didático porque todos frequentadores podem chegar perto e ver o que está acontecendo.

Mas o que é uma brassagem? A brassagem nada mais é do que o cozimento do malte para extrair os açúcares necessários à fermentação da cerveja. Tem que ser feito o controle da temperatura do cozimento para uma melhor extração dos açúcares do malte. O grão moído é misturado com água quente num recipiente grande. Neste recipiente, o grão e a água são misturados para criar um mosto de cereais. Este líquido rico em açúcar ou mosto é então filtrado através da parte inferior do recipiente num processo conhecido como drenagem. Mas vamos conversar com a dupla convidada de novembro: Maíra Kimura, sócia da 2Cabeças e Fernanda Ueno, da Colorado.

Lupulinas – Qual estilo de cerveja vocês vão produzir?
Maíra – Uma Black Saison com Umê, que é uma frutinha japonesa…
Lupulinas – Que é a do umeboshi!
Maíra – Sim, que é a do Umeboshi!
(Umeboshi é uma espécie de ameixa japonesa em conserva muito ácida e salgada. É usado na cozinha e a ela se atribui vários poderes curativos)

Lupulinas – Descrevam para o leitor do nosso blog o processo que foi feito até agora e o que vem na seqüência, para que essa cerveja seja consumida.
Fernanda – A gente chegou aqui e já estavam arrumados o fogão e as panelas e já tinham moído o malte.
Colocamos a quantidade certa de água para esquentar e aí, quando chegou na temperatura adequada, a gente acrescentou o malte e ficou cozinhando por mais ou menos uma hora. Depois começamos a recirculação. No início o mosto está turvo, então precisa fazer a recirculação.
(Para fazer a recirculação, vamos extrair parte do líquido pela válvula extratora na parte inferior da panela e devolvê-lo à panela pela parte de cima, tentando mexer o mínimo possível na camada de malte. Assim esta camada de malte vai se transformar em um filtro natural, onde as cascas do malte vão ajudar no processo de contenção das partículas do líquido.)
Depois então fizemos a filtração do mosto primário e depois a filtração do mosto secundário, o enxágüe. Então colocamos em outra panela para ferver. Durante a fervura, adicionamos o lúpulo e, no final da fervura, o lúpulo de aroma, um lúpulo japonês chamado Sorachi Ace e também o Umê, ambos nos 5 minutos finais da fervura.

Lupulinas – Maíra, fala pra mim o que vai ser feito depois disso e especifica o tipo da cerveja, teor alcoólico, etc
Maíra – A gente vai agora resfriar o mosto com o uso de um chiller (máquina frigorífica). Colocamos o mosto ali dentro e vamos passando água gelada para resfriar até atingir a temperatura ideal para inocular a levedura. Se inoculamos a levedura com o mosto nessa temperatura, a levedura, que é um ser vivo, morre. Temos que baixar para menos de 30 graus. A levedura que vamos usar é específica para esse estilo de cerveja que queremos produzir, a Saison. Ela geralmente é clara, mas a gente fez uma escura. Para isso usamos uma fração do malte torrado. Portanto vai sair uma Saison Black com Umê que vai dar um toque bem ácido. Vai ser quase uma Sour. Queremos que ela fique bem seca.

Lupulinas – E quem teve a idéia de fazer essa cerveja?
Fernanda – A gente que pensou aqui.

Lupulinas – E ela nunca foi feita antes?
Maíra – Não, nunca.

Lupulinas – E depois desta brassagem como o processo continua?
Fernanda – Depois daqui, vamos resfriar, colocar a levedura e vai ficar um tempo fermentando. Pelo menos uma semana, mais de uma semana talvez. A gente quer que ela fique bem seca, tire todo o açúcar. Depois vamos colocar para maturar e na próxima Brassagem em Dupla, aqui no EAP, com outros dois cervejeiros convidados e a galera vamos beber. Fizemos 20 litros que vão ser engarrafados em garrafas de 500 ml.

Lupulinas – Maíra, é a primeira vez que você faz uma brassagem na rua?
Maíra – É, na rua é.
Lupulinas – E você, Fernanda?
Fernanda – Também. Assim na calçada, com todo mundo passando… É! Gostei!

Lupulinas – Fernanda, qual a sua experiência? O que você fez antes?
Fernanda – Eu comecei a fazer cerveja em casa em 2009, faz bastante tempo. Agora eu trabalho diretamente na produção na Colorado. Mas continuo na panelinha até hoje, eu adoro. A gente tem uma cozinha de 50 litros na Colorado para testes e quatro tanquinhos. Meus tanquinhos estão sempre cheios porque eu gosto bastante. É a parte que eu acho mais interessante fazer, receita nova, testar ingrediente novo…

Lupulinas – E você já é uma mestra cervejeira?
Fernanda – Ainda não, estou indo agora em janeiro para escola, em Daves, na California. Vou ficar 6 meses lá para fazer o curso de mestre. Em julho serei!

Lupulinas – Eu tô querendo implantar uma nova nomenclatura, a MestrA Cervejeira! (risas)

Lupulinas – E você, Maíra? Fala um pouco pros nossos leitores quem é você.
Maíra – Eu não trabalhava com cerveja. Minha formação acadêmica é de publicitária. Aí quando fui morar na Europa eu queria fazer uma coisa diferente, eu sempre gostei de cerveja e fui estudar na Inglaterra. Fiz um curso lá de quatro meses. Não sou mestrA-cervejeira, fiz um curso técnico. E eu me apaixonei, comecei a fazer um monte de cursos. Apareceu um curso de sommelier, eu fiz também. Aí quando eu voltei para cá, fiz o curso do SENAI também, de Tecnologia Avançada Cervejeira e to aí.

Lupulinas – Qual a sua função na 2Cabeças?
Maíra – Eu sou proprietária, uma das sócias. E sou cervejeira também.

Lupulinas – Você não fica com o departamento de publicidade da 2Cabeças?
Maíra – Na verdade a gente é muito pequeno, então todo mundo faz tudo.

Agora é esperar o resultado desta especialíssima Saison Black com Umê que vai receber um rótulo bem legas desenvolvido por Alexandre Nani, do ICBDesign.

PS – gracias a Luciana Moraes pela transcrição da entrevista

Fotos de Cilmara Bedaque

 

Lançamentos, festivais, festas, aniversários… Ufa! É fim de ano

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Meio de novembro e o fim de 2014 chega atropelando todo mundo. No meio cervejeiro artesanal não é diferente. Muitos eventos programados, certa euforia pelo crescimento do mercado e, ao mesmo tempo, uma incerteza quanto ao destino dos produtores artesanais que dependem de incentivos que esperamos serem aprovados pelo Congresso.

Mas vamos aos eventos:

Chegou a Cacildis™

A Brassaria Ampolis, que já produz a Biritis™, lança a Cacildis™. É uma pilsen leve e refrescante, com excelente bebabilidade e uma verdadeira porta de entrada para quem quer experimentar uma boa cerveja sem se assustar com doses elevadas de lúpulo e amargor. Feita para agradar o gosto do brasileiro que bebe cervejas da Grande Indústria, a Cacildis™ chega aos mercados em garrafas long neck e preço na base dos R$8,50. Mais de 600 pontos de venda receberão a Cacildis™ que deve se transformar na ponta de lança da Ampolis que tem o filho de Mussum, Sandro Gomes, como um dos sócios. Em breve este blog vai contar a história desta cervejaria que tem propostas sérias sem perder o humor.

15 anos da Cervejaria Wäls

Este ano foi mais que especial para os irmãos Carneiro, donos da Cervejaria Wäls. Muitos prêmios, a construção de uma nova fábrica e um bar de degustação marcaram o crescimento de seu negócio. Resolveram comemorar os quinze anos da Wäls com quinze dias de presentes para seus consumidores! Começa neste sábado, dia 15 de novembro e vai até o dia 29, uma super promoção de chope Wäls a sensacionais cinco reais! Pena que esta maravilha só pode ser viabilizada em seus domínios, mas é isto daí: cervejaria local. Então queridos habitantes de Belo Horizonte, aproveitem! A festa vai acontecer no Stadt Jever e no Tasting Room da Wäls. Aqui a programação.

Mikkeller série Brewed for Brazil

Esta semana estive no EAP (Empório Alto de Pinheiros, templo da artesanal em SP) para degustar os seis tipos de cerveja que a Mikkeller fez especialmente para o Brasil. Esta cervejaria dinamarquesa é conhecida pela sua originalidade e ousadia que fazem parte de suas receitas e de sua atitude como marca. Em uma união das importadoras Tarantino e Interfood, a Mikkeller chega para conquistar o Brasil cervejeiro artesanal. Promovendo a ação, os importadores levaram ao EAP o simpático Mixen Lindberg, diretor de pesquisa da Mikkeller que experimentou conosco as novas cervejas e contou um pouco da história da cervejaria. Voltaremos também a MIkkeller mais longamente neste blog.

Butantan Food Park

Este evento faz parte do lançamento da série brasileira dedicada ao Brasil feita pela Mikkeller. Os seis rótulos de cerveja, entre eles APA, Brett APA, Hoppy Larger, Coffee IPA, Session IPA e Hoppy Wit possuem graduação alcoólica média de 5%, excelente bebabilidade para o nosso clima pelo seu frescor. São artesanais, aromáticas, feitas com produtos naturais e sem uso de conservantes. Além da série brasileira, também poderá ser experimentada a famosa Mikkeller 1000 IBU, com 9,6% de teor alcoólico e 1000 IBUs (Unidade de Amargor). Esta medida de é mais uma maluquice da Mikkeller porque o paladar humano não consegue assimilar tanto amargor, mas o nome serve pra indicar que a 1000 IBU não veio para brincadeiras. Para forrar o estomago diante de tantas delícias, o Vinil Burger também vai participar do evento com sugestão de burgers e cervejas. É a boa do dia em SP. Butantan Food Park – Rua Agostinho Cantu, 47, Butantã Data: 15/11/2014 Horário: 11h às 22h Estacionamentos próximos ao local e para-bike interno.

Wikibier Festival

Este festival é para a alegria dos curitibanos e/ou pra quem puder chegar dia 15 de novembro por lá. Garanto que valerá a pena. Mais de 100 rótulos e 50 cervejarias participam do evento. Destaque para a Wensky Beer, de Araucária, que faz o lançamento da refrescante Malina, uma Fruit Bier de cor rose, feita de trigo e maturada com framboesas; a Cervejaria Invicta lança a Bavarian IPA que tem uma flor afrodisíaca em sua receita; a Bastards Brewery, com a Piná a Vivá, uma Imperial India Pale Lager,uma pedrada de 8,5% de teor alcoólico que não percebemos graças a seu equilíbrio e a nova Cervejaria Palta, que traz a XLager, que vem carregadíssima no lúpulo. O Wikibier será no dia 15 de novembro na Expo Unimed.Maiores informações aqui

Cervejaria Capitu

Neste concorrido 15 de novembro em SP a novíssima Cervejaria Capitu lança dois estilos de cerveja: uma Tilted Barn e uma Amber Ale. Ousadia dos arquitetos e mestres especialistas em cerveja, Frederico Ming e Marcelo Holl Cury que usam estilos menos comuns para o lançamento de sua marca. O evento especial será na Feira Gastronômica Comidinhas, das 13h às 20h, Rua Estados Unidos, 1626. Maiores informações aqui

Beber é uma delícia, mas vamos ler sobre cerveja?

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Quando enveredamos por um novo ramo do conhecimento percebemos existir um mundo para descobrirmos. Em relação às bebidas esta é uma verdade incontestável. Existe um livro mais que interessante que é o “História do Mundo em Seis Copos”, escrito por Tom Standage – editor de tecnologia da revista The Economist – que explica a importância do vinho, chá, café, cerveja, destilados e até Coca-Cola, mostrando o papel que cada uma dessas bebidas exerceu em diversas épocas e civilizações.

Beber cerveja é uma delícia para muitos, mas que tal ler e aprender um pouco sobre o assunto? O Lupulinas fez uma seleção de livros que estão no mercado e só valorizam o ato atlético de levantar o copo. É uma bibliografia feita somente com livros em língua portuguesa (brasileira) e não está listada de forma classificatória. Escolha para ler de acordo com seu nível de conhecimento e interesse.

Guia Ilustrado Zahar de Cerveja
Michael Jackson
Editora Zahar
288 páginas
Não espere música e dança ;) Este Michael Jackson é jornalista e um dos maiores pesquisadores da cultura cervejeira em todo o mundo. É conhecido no meio como Beer Hunter (Caçador de Cerveja) e catalogou toda a produção dos Estados Unidos e Bélgica influenciando várias regiões produtoras em todo o mundo. Um clássico que explica os estilos, a história e a produção da cerveja.

Larousse da Cerveja
Ronaldo Morado
Editora Larousse
360 páginas
Este livro é ideal para iniciantes aprenderem a história, os estilos, o processo de produção e a cultura de todos os países que produzem cerveja. Além disso, traz um guia de cervejarias, bares e curiosidades que tornam sua leitura leve e divertida.

O Livro da Cerveja
Tim Hampson
Editora Globo
352 páginas
Escrito por uma equipe de especialistas e organizado pelo inglês Tim Hampson, este livro cataloga mais de 800 cervejarias em todo o mundo com mapas, fotos, sugestões de roteiros e glossário. É outro clássico para os caçadores de boas cervejas.

Atlas Mundial da Cerveja
Stephen Beaumont e Tim Webb
Editora Nova Fronteira
256 páginas
Mais recente que os anteriores citados nesta lista, o Atlas pretende ser um guia definitivo sobre a cultura cervejeira. Traz informações da tradicional cerveja trapista belga à vietnamita bia hoì sem preconceitos. No total fala de mais de 500 cervejas espalhadas por 30 países. Avalia também o crescente mercado artesanal brasileiro com degustações feitas pelos autores que são figuras respeitadas no meio e que transitam pelo mundo tradicional e experimental da cerveja.

Brasil Beer – o Guia de Cervejas Brasileiras
Hélcio Drumond e Henrique Oliveira
Editora Gutenberg
304 páginas
Em recente segunda edição aumentada e revista, este guia é uma mão na roda para quem gosta de fazer turismo cervejeiro. O livro lista por este Brasil afora mais de 700 cervejas, 160 cervejarias e dezenas e dezenas de cidades interessantes, com amplos roteiros, serviços de hospedagem, táxi, bares e tudo o mais necessário para este tour. Além de contar história das micro-cervejarias, ele oferece roteiros nas regiões produtoras mais interessantes do Brasil. Lá você encontra passeios incríveis na serra gaúcha ou catarinense, roteiro do Rio de Janeiro a Minas Gerais e inúmeras curiosidades e utilidades para estas viagens. Indispensável para quem quer viajar pelo nosso país e, na parada, saborear uma artesanal local.

Cerveja Para Leigos
Marty Nachel e Steve Ettlinger
Editora Alta Books
376 páginas
Tradução do original “Beer for Dummies”, este livro atende às expectativas tanto de um iniciante como de um conhecedor da cultura cervejeira. Dividido em cinco partes, o livro fala sobre os ingredientes e o processo de fabricação; os estilos; um guia sobre como servir e degustar; receitas que usam a cerveja como ingrediente e por fim dá alguns rudimentos para que o apreciador fabrique sua própria birrinha.

1001 cervejas para beber antes de morrer
Organizado por Adrian Tierney-Jones
Editora Sextante
960 páginas
Da famosa série “1001” este tijolo de conhecimento da cultura cervejeira tem um único inconveniente: graças a seu peso é impossível sair com ele por ai bebendo e estudando cerveja. Escrito por uma equipe de 40 especialistas, este guia é o mais completo catalogo de cervejas produzidas em todo o mundo. Edição caprichada, como todas desta série, traz fotos de todos os rótulos experimentados e informações completas sobre a degustação de cada cerveja. Imprescindível se você quiser ter uma biblioteca cervejeira.

O Catecismo da Cerveja
Conrad Seidl
Editora Senac/São Paulo
385 páginas
Este nome religioso veio por conta do pesquisador austríaco Conrad Seidl considerado o “papa da cerveja”. Um dos mais antigos livros sobre o assunto ele ensina, de maneira clara, os principais conceitos sobre a cerveja e o comportamento e costumes dos povos que a produzem. Indicado para iniciantes.

Cerveja e filosofia
Steven D. Hales
Editora Tinta Negra
287 páginas
Neste livro, com apresentação de Cilene Saorin, uma das mulheres que mais conhecem o assunto no Brasil, saímos do lance de guias e adentramos uma discussão ampla sobre a cultura cervejeira. Organizado pelo norte-americano PhD em filosofia Steven D. Hales e escrito por vários especialistas, neste livro é analisada a importância da cerveja na sociedade e porque ela é considerada a bebida que mais aproxima as pessoas e os povos. É um livro que não indica. Reflete.

A Mesa do Mestre Cervejeiro
Garrett Oliver
Editora Senac/São Paulo
548 paginas
Este é um livro para quem gosta de experimentar combinações entre cerveja e comida. Escrito pelo mestre-cervejeiro da Brooklyn Brewery, neste livro você aprende sobre a feitura de uma artesanal, sua história, estilos e sua versatilidade para acompanhar os mais diversos pratos da gastronomia mundial. Imprescindível para quem gosta de cozinhar e experimentar.

texto: Cilmara Bedaque

fotos: divulgação

Novidades do Mundo Cervejeiro

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Mondial de La Bière
Novembro ainda está longe, mas o primeiro lote de ingressos para o Mondial de La Bière, no Rio de Janeiro, já está à venda. Esta é a segunda vez que o encontro acontece no Brasil, lá mesmo no Terreirão do Samba, onde rolou o evento em 2013. Serão apresentados mais de 650 rótulos em uma extensa programação que inclui workshops, bate-papos e concursos. A organização espera receber mais de 23 mil amantes de cervejas especiais entre os dias 20 e 23 de novembro. Este primeiro lote será vendido por 35 reais. Maiores informações:www.mondialdelabiererio.com

A Cerveja Gaúcha: Apóie sua Cervejaria Local!
O Rio Grande do Sul vem se destacando no mapa de pólos produtores de cerveja artesanal em todo o Brasil. Atualmente, mais de 50 cervejarias estão em operação e nos dias 19 e 20 de setembro, em Santa Cruz do Sul, nasce o Festival da Cerveja Gaucha. O objetivo é juntar em um só lugar produtores e apreciadores da artesanal gaudéria e fortalecer o mercado local. Nesta edição, 26 cervejarias artesanais estarão reunidas.
Santa Cruz do Sul/RS – Parque da Oktoberfest, pavilhão 2
Dias 19 e 20 de Setembro de 2014, sexta e sábado.
- Dia 19/09/14 • abertura 17h | encerramento 1h
- Dia 20/09/14 • abertura 15h | encerramento 1h

Cervejaria Coruja
A Coruja está comemorando 10 anos de vida e aproveita a data para renovar seus rótulos e lançar três novos tipos de cerveja: a Noctua (Extra Dark Lager), a Hop Otus (Otus Lager mais lupulada) e a Strix IPL (India Pale Lager). Além de todas estas novidades, a Coruja está colocando no mercado um modelo exclusivo de garrafas e inaugurando seu novo site. Boa sorte, ao Rafael e seus sócios! A partir de outubro, o consumidor já encontra as novas Corujas nos supermercados e lojas especializadas.

Cevada Pura Cervejaria – Lemondrop
A Cevada Pura Cervejaria está lançando a Lemondrop, uma Pilsen single-hop com o lúpulo Lemondrop que garante uma cerveja refrescante com amargor equilibrado e aroma cítrico de limão.
A festa de lançamento será nesta quinta-feira, dia 18 de setembro, no Mestre-Cervejeiro.com em Piracicaba, a partir das 18:09h (hahahaha)
Rua Dona Eugênia, 402 Loja 01
Tel.: (19) 3432-1728

Sazonais Bamberg
Alexandre Bazzo, um dos mais competentes produtores de artesanais no Brasil, tem sempre no portifólio da Bamberg as sazonais que são lançadas em sua época apropriada.

Bamberg Die Wiesn
Estilo lançado na Oktoberfest de Munique, a Die Wiesn tem sua versão brasileira nesta mesma época. É uma cerveja para festa, com corpo médio, refrescante e fácil de beber. Maturada durante um longo tempo, os maltes suavizados são a estrela desta cerveja. O lúpulo usado, o tradicional Hallertauer, confere um suave amargor e notas florais e cítricas.

Weizenbock Dunkel
Feita com 55% de malte de trigo, esta é uma cerveja que tem sua origem na Franconia, região que produz receitas que a Bamberg trata com respeito e carinho. Elas variam desde as mais claras, mais leves e refrescantes, até às escuras, com maior porcentagem de álcool e feitas para serem consumidas ao apreciar carnes e pratos gordurosos ou apimentados. A escura Weinzenbock Dunkel tem 8,2% de álcool e já ganhou Medalha de Prata no Japan International Beer em 2013.
A destacar nestas duas sazonais da Bamberg os rótulos caprichados que, ao mesmo tempo, unificam toda a arte gráfica da cervejaria.

Bodebrown – Double Perigosa Wood Aged
Com impressionantes 15,1% de álcool, essa cerveja é envelhecida por nove meses como se fosse um bebê vinho, em barril de carvalho francês. Ela é sazonal e tem edição limitada porque só sua fermentação leva quatro meses e é uma versão inspirada na tradicional Perigosa Imperial IPA que os irmãos Cavalcanti produzem há algum tempo em Curitiba. Eles garantem que a Double Perigosa Wood Aged, mantida em 12 graus, vai durar dez anos e que seu sabor só melhora com o passar do tempo. A Bodebrown já é uma das cervejarias mais premiadas do Brasil e a Double Perigosa contribui para isto:
- Medalha de Platina de melhor cerveja do festival no Mondial de La Biere 2014. Montreal, Canadá.
- Medalha de Ouro no South Beer Cup 2014, em Belo Horizonte.
Os pedidos podem ser feitos no site

8º Paladar Cozinha do Brasil
No próximo fim de semana, dias 20 e 21 de setembro, rola o 8º Paladar Cozinha do Brasil, em São Paulo. Os melhores e mais famosos chefs do país e grandes nomes da cerveja estarão juntos para celebrar a cozinha brasileira.
Serão 82 atividades com a participação de 102 palestrantes. Vai ter música ao vivo, comida de rua, a presença de restaurantes como Dalva e Dito, Mocotó, Dona Onça, Meats e barraquinhas vendendo produtos especiais. Você pode se inscrever para oficinas e palestras, como também ir ao evento para saborear comidinhas, cervejinhas e encontrar amigos. É uma festa que tem lugar para todo mundo: dos que nunca entraram na cozinha, mas gostam de comer e beber, aos que não saem de uma.
Programação completa, inscrições e compra de ingressos:http://goo.gl/XPYG7g
Universidade Anhembi Morumbi
Rua Casa do Ator, 275, Vila Olímpia
Palestras e oficinas: das10h às 21hs
Mercado Paladar: das 12h às 22h.

 

 

 

 

 

 

 

Lúpulos da Patagônia na Bodega Cervecera

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Há poucos meses, a BJCP (Beer Judge Certification Program) homologou um novo sub-estilo de cerveja que significa uma vitória para os cervejeiros artesanais latinoamericanos: a IPA Argenta. Mas no que essa nova IPA difere das demais? Basicamente, a IPA Argenta se caracteriza por usar em sua composição maltes pilsen e de trigo (cereal muito cultivado pelos hermanos) e lúpulos da Patagônia Argentina.

Nós, Lupulinas, fãs confessas do estilo India Pale Ale, resolvemos aproveitar o feriado para visitar a bela Buenos Aires e, de quebra, provar a novidade. Amigos, a IPA Argenta não nos decepcionou.

Ainda difícil de encontrar nos bares especializados, demos sorte de encontrar três garrafas de IPA Argenta produzidas pela cervejaria Dust. Muito bem equilibrada, esta IPA leva lúpulos Nugget, Cascade, Mapuche e Victoria (todos plantados no sul da Argentina), é razoavelmente maltada e tem um teor alcoolico de 5,6% e 45IBU, fazendo dela uma cerveja leve e com bastante “bebabilidade”.

Ela é mais seca que as IPAs americanas e tem corpo mais leve que as inglesas, tendo em comum com elas os aromas cítricos, herbáceos e florais, dependendo da proporção e do modo como são adicionados os lúpulos.

Bebemos esta IPA Argenta, produzida pela Dust, num boteco sensacional aberto há um ano no bairro de Palermo, em Buenos Aires. É o Bodega Cervecera que mantém com destaque a boa fama dos bares portenhos. O ambiente é pequeno, com mesas na calçada e um segundo andar bem confortável. O estilo é rústico e meio improvisado como os bons botecos são. Sente-se que ele está sendo criado pelo tempo, por seus donos e frequentadores.

No dia que fomos a TV estava ligada na semifinal da Copa dos Campeões e vimos o Chelsea ser eliminado pela Atlético de Madrid e os outros clientes do bar festejarem a final madrileña. Terminado o jogo, o preponderante classic rock invade o ambiente como em todos bares de artesanais que fomos aqui em Buenos Aires. O clima fica ótimo.

Apos experimentarmos a IPA Argenta resolvemos continuar na viagem e comparar as outras IPAs poduzidas por nossos vizinhos. Aconselhadas por Alícia (a melhor garçonete do mundo) partimos para a American IPA da Triskell Brewing Co. com 7% de graduação alcóolica e 70 IBU. Uma garrafa linda de 750ml, com elefantes raivosos no rótulo e produzida com double dry hopping. Ela é bem maltada mas com lupulo muito presente. Uma pedrada. Das boas.

A Bodega Cervecera não tem muitas torneiras, mas tivemos o prazer de experimentar a Black IPA da Cork que não nos decepcionou. Redonda, bem feita, ela fica magnífica com azeitonas pretas que Alícia providenciou. Alias, seguindo a tradição de bares europeus, a Bodega não tem cardápio de petiscos ou pratos. Improvisa-se queijos e azeitonas só pra você não sair de lá dando PT (Perda Total ;)

Completamos o trabalho com uma Frausen IPA que achamos bem normalzinha, bem feita mas sem nada que nos chamasse mais a atenção. Uma IPA mais floral que herbácea ou cítrica.

E assim saimos do Bodega Cervecera felizes da vida por termos experimentado a IPA Argenta e por termos conhecido um boteco dos bons. Aquele que os locais passam na sua hora e são muito bem recebidos por Alícia que sabe o que eles gostam.

Bodega Cervecera
Rua Thames, 1759 (entre a El Salvador e a Costa Rica)
Palermo Soho, Buenos Aires
tel.: 5411-48333770
aberto todos os dias a partir das 18hs

todas as fotos de Cilmara Bedaque

Stout: dos portos da Irlanda para o mundo

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A Grande Indústria Cervejeira costuma dividir os estilos de cervejas, de maneira até sexista, entre louras, morenas e ruivas. Bobagem. Nem todas loiras são iguais, nem toda ruiva tem o mesmo sabor e nem toda morena é (sic) “robusta”. Se a comparação com mulheres de raças e cabelos variados é condenável por conta do machismo subjacente, a classificação de cervejas entre pretas, claras e vermelhas ignora a enorme diversidade de sabores que vão além da mera coloração.

Para falar sobre Stouts, um estilo de cerveja preta nascido na Irlanda, convidamos nosso amigo Leopoldo Bitencourt, um amante do estilo e ex-assistente de mestre cervejeiro do Lagom Brewpub, de Porto Alegre. O Léo, que começou a fazer cervejas em casa por influência do pai, já produziu Stouts no Lagom (uma Dry Stout e variações de Imperial Stouts) e aceitou explicar para nós algumas das características do estilo.

Lupulinas: como surgiu a Stout?
Léo: a Stout é um estilo derivado das Porters, ambas de origem irlandesa. As Porters eram muito comuns nas cidades costeiras, com portos. Os “porters” eram os carregadores dos portos. Eles precisavam de cervejas fortes, pesadas, pra poder agüentar a lida. Aí foi criado o estilo Porter. A Stout é filha da Porter, derivada dela. Como muitos dos trabalhadores não gostavam de cervejas adocicadas (característica das Porters, que tem aquele toque de chocolate, às vezes até de avelã) eles buscaram um aroma de café, usando um malte bastante torrado para que a cerveja ficasse menos doce. Assim que surgiu a Stout.

Lupulinas: mas as Stouts podem variar bastante entre si, né?
Léo: sim, a Stout tem vários sub-estilos. Existem Stouts que são frutadas; as Imperial Stouts (geralmente mais extremas, mais doces e com mais álcool, que puxam menos pro café e mais pro chocolate); as Scotch Stouts, que são mais lupuladas e um pouquinho mais amargas; a Oatmeal Stout é feita com aveia e levemente frutada; a Sweet Stout geralmente leva adição de chocolate, mas em pequena quantidade, só pra dar aroma mesmo; e as Chocolate Stout, feitas com bastante chocolate e muito mais doces que as Porters (que não levam chocolate mas têm um leve aroma chocolate, caramelo e avelã).

Lupulinas: é bom esclarecer nosso leitor que esses aromas nem sempre resultam da adição da fruta, café ou do chocolate. É o malte tostado que abre esses sabores dentro da cerveja, certo?
Léo: exatamente.

Lupulinas: enquanto conversamos, estamos degustando uma Amazon Açaí Stout, que foi eleita a melhor cerveja do Brasil dentro do Festival da Cerveja Brasileira de 2014, em Blumenau, a que conseguiu maior pontuação entre o júri.
Léo: a Cervejaria Amazon trabalha bastante com o que existe na região (norte do país), fabricando estilos clássicos, mas sempre com um toque regional, como muitas outras cervejarias. Eu gostei dela, ela tem um corpo bom, não é uma Dry Stout. Tem um aroma fraco de café, uma espuma boa, bege, de corpo grosso e, no final, no retrogosto, tu sente um pouquinho de amargor que parece ser do açaí, embora eu não tenha sentido muito o açaí nela.

Lupulinas: mas ela parece ser fácil de beber…
Léo: ela é boa de tomar. Para quem não gosta de Stout por causa do gosto de café, ela é uma boa pedida porque o gosto de café praticamente some e fica no final o azedinho do açaí.

Lupulinas: nós estamos sentindo o álcool se sobressair. A dosagem alcoólica dela é 7,2.
Léo: não sei qual foi o método usado na adição da fruta, mas ela pode ter ajudado na fermentação, produzindo mais álcool na cerveja. Esse álcool e o azedinho no final fazem com que essa cerveja não fique doce.

Lupulinas: quanto se fala em Stout, nos vem à cabeça a Guiness, a Stout mais famosa, comercializada no mundo todo. Ela vem com aquela bolinha dentro da lata. Por que isso?
Léo: vocês podem reparar que as torneiras de chopp da Guiness também são diferentes. Elas saem com mais pressão, criando mais espuma que as outras. Numa entrevista com o Fergal Murray, mestre cervejeiro da Guiness, ele diz que “é uma cápsula propulsora de nitrogênio que, misturada ao gás carbônico, mantém o sabor da bebida. Essa cápsula também tem a função de compactar as bolinhas de gás da cerveja, levando todo o gás para o colarinho, tornando-o denso e cremoso.”

Lupulinas: dos elementos que são usados pra fazer uma cerveja, o que caracteriza cada um deles numa Stout?
Léo: vamos lá. A água, para fazer uma Stout, tem que ser um pouco mais dura (mais básica e menos ácida) para ajudar a quebrar as moléculas do malte e transformar ele em açúcar. Aí ela vai ficar mais robusta, porque o malte é bem dissecado, e a água puxa todo o amido que tiver no malte para a Stout. Quanto ao fermento, usamos o S-33 ou Irish Ale, sendo que este último dá menos sensação de secura. O malte é o básico do básico do básico nas Stouts: elas são cervejas bem maltadas e o malte é bem torrado (entre caramelo e torrado, geralmente usa-se mais o torrado). A base de uma Stout quase sempre Pale Ale ou Pilsen, maltes usados em geral para cervejas. O lúpulo, em Stouts clássicas, padrão, quase não é utilizado. Existe um sub-estilo, a Scotch Stout, que é um pouco mais lupulada. Mas de modo geral, o padrão da Stout é não ser lupulada. O lúpulo é usado em pouquíssima quantidade, apenas para dar um amargor pra quebrar o gosto do café e do caramelo, e só.

Lupulinas: agora estamos degustando uma Fuller’s Black Cab Stout.
Leo: ela tem 4,5% de álcool, menos que a Amazon, e tem um gostinho de café sem açúcar. Ela tem bem mais aroma e um retrogosto de café. Ela é um pouco mais escura que a que bebemos antes também.

Lupulinas: as Stouts variam de coloração? Ela pode ser marrom ou preta?
Léo: a Stout é preta com o colarinho bege. Mas pode variar de tonalidade, de acordo com a receita. Marrom é a mãe dela, que é a Porter. Reparem que essa Fuller’s quase não tem aroma de lúpulo e a gente sente só o café mesmo. É uma Stout clássica.

Lupulinas: ela não parece ser tão aguada quanto a Guiness, parece ter mais corpo…
Léo: isso é porque ela é mais maltada. Geralmente recomendo a Fuller’s como exemplo de Stout clássica, mais que a Guiness ou a Murphy’s, mais vendidas e conhecidas. A Guiness tem um colarinho mais alto e mais cremoso, por causa da tal bolinha de nitrogênio, que agrupa todo o gás carbônico e torna o colarinho mais espesso.

Lupulinas: as pessoas costumam achar que a Stout é uma cerveja mais pesada, densa e forte, por causa do visual, da coloração preta?
Léo: em geral, as Stouts não costumam ser pesadas. Uma cerveja de trigo, por exemplo, é mais pesada pra beber. Mas a Stout, assim como a Porter, são cervejas mais nutritivas. As Stouts que tem corpo mais denso são as chamadas Oatmeal Stout e as Imperial Stouts, que são cervejas encorpadas e alcoólicas, boas pro clima frio.

Lupulinas: agora vamos passar para uma Titanic Stout, com 4,5% de álcool.
Léo: essa é uma Stout inglesa, bem dentro do estilo. A espuma é alta e mais clara, e um aroma de café mais forte que a Fuller’s. Ao beber, tu percebes muito o malte torrado e o final mais seco. Podemos considerar essa cerveja uma Dry Stout.

Lupulinas: agora vamos degustar uma Schornstein Imperial Stout, brasileira de Pomerode, em Santa Catarina.
Léo: vocês podem perceber que ela não tem tanto aroma de café, é mais encorpada que as outras que provamos (por ter mais malte), e tem uma espuma muito mais baixa (talvez por causa do modo como foi servida no copo ou mesmo problema com a garrafa que abrimos). Ela tem um toque mais doce, de chocolate, e o retrogosto dela puxa um pouquinho pro amargo, como um chocolate meio-amargo. Ela é mais alcoólica (8%), então tu sentes mais o calor na garganta. Gostei dela porque ela é uma Imperial equilibrada e não tão extrema quanto outras e dá pra tomar tranquilamente numa mesa de bar.

E foi assim, tranquilamente e com um bom papo, que bebemos as maravilhosas Stouts que Léo nos apresentou. Nem todas as cervejas escuras são iguais e celebrar suas diferenças é dever de quem aprecia sabores, temperos e uma boa cerveja.

Lager: a favorita da galera

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Muita gente fica confusa quando o assunto é o tipo da cerveja que bebemos ou queremos beber. Básicamente as cervejas podem ser lagers ou ales. Vamos, neste post, falar só das lagers que são as cervejas mais consumidas do mundo. No Brasil, só pra dar idéia da popularidade, 99% das cervejas consumidas são do tipo lager (e industrializadas, já que o hábito de beber artesanais, embora cresca ano a ano, ainda não faz parte do dia a dia do brasileiro, por inumeros motivos que ainda abordaremos aqui no Lupulinas).

Basicamente, o que diferencia uma ale de uma lager é o processo de fermentação das cervejas. As ales passam por um processo de alta fermentação em temperatura ambiente. As lagers são menos fermentadas e o processo ocorre sob temperaturas frias. Graças a este processo de (baixa) fermentação, as cervejas estilo lager resultam geralmente mais límpidas e menos opacas. Quanto à coloração as lagers variam, de amarelo claro até completamente pretas e, em geral, são menos alcoólicas que as ales. Outra diferença entre os dois tipos é que a levedura é colocada acima do mosto nas ales e abaixo dele nas lagers.

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Outro ponto é que, graças sua leveza, as lagers pedem para ser bebidas refrigeradas, enquanto as ales devem ser servidas em temperatura ambiente. Obviamente essa observação é um tanto eurocêntrica. Aqui no Brasil, a verdade é que refrescamos as ales e gelamos as lagers porque o calor de verão assim exige. Tudo é adaptação.

Para melhor explicar os tipos e subtipos de cerveja lager, resolvemos emprestar esse infográfico bacaninha do livro “Brasil Beer – O guia das cervejas brasileiras“.

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Pois então, camaradas, temos lagers escuras (bocks e dunkels), douradas (vienna) e as claríssimas (dortmund e pilseners). Elas variam também na adição de lúpulos, com o amargor variando de 8 a 35 IBU (exceto as tchecas, mais lupuladas, que alcançam 45 IBU).

Talvez o mais conhecido subtipo de lager dos brasileiros seja a pilsener (também chamada de pilsen), bem clara, não muito amarga e levemente aromática. Ela deve seu nome a cidade de Pilsen, República Tcheca, onde foi criada em 1842 por um cervejeiro local, da região da Bohemia. Mas o que as indústrias no Brasil afirmam ser pilsen soaria como insulto entre os tchecos. A mistura de milho descaracteriza totalmente a pilsen brasileira industrial.

Nós, Lupulinas, gostamos especialmente das tchecas. Fomos até Praga em busca de suas famosas lagers. No Pivovarský Dům (literalmente, “Casa do Cervejeiro”), bar-cervejaria não muito longe do centro, experimentamos duas clássicas lagers tchecas: a clara e a escura (há também a opçao de misturar as duas). Bebidas assim, fresquíssimas, direto da torneira onde os caras fabricam a cerveja, é uma experiência única. A cervejaria não envasa, mas você pode levar um growler pra casa ou para o hotel (falaremos mais de Praga em outro post).

Outra famosa e deliciosa cerveja que provamos em Praga foi a lager do U Fleku, bar-cervejaria perto do Teatro Nacional. A U Fleků Flekovský Tmavý Ležák 13° (sim, é este o nome da cerveja) é bem escura, límpida, redondíssima, leve e só encontrada em suas torneiras (eles não engarrafam).

A verdade é que há um mundo de lagers a ser explorado e para isso selecionamos algumas artesanais brasileiras para a galera:

LAGERS ARTESANAIS BRASILEIRAS (tipo e estado em que são porduzidas)

Biritis – Vienna Lager – RJ
Way Premium Lager – Premium American Lager – PR
Way Beer Amburana Lager – maturada em barril de amburana – PR
Schornstein Pilsen – American Lager – SP
Backer Capitão Senra – Amber Lager – MG
Baden Baden Crystal – American Lager – SP
Bamberg Camila Camila – Bohemian Pilsen – SP
Colorado Cauim Pilsen – Pilsener com féculas de mandioca – SP
Coruja Extra Viva – Lager Premium – RS
Jan Kubis – Amber Lager – PR
Eisenbahn Pilsen – Lager – SC
Eisenbahn 5 – Amber Lager com dry hopping – SC
Falke Bier Red Baron – Vienna Lager – MG
Invicta – German Pilsener – SP
Mistura Clássica Mary Help – Vienna – RJ
Morada Double –  Vienna – PR
WÄLS Pilsen – Pilsen Bohemia – MG
WÄLS X-Wals – American Lager – MG

HoHoHo – Papai Noel de bermudas

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renas beer

 Desde os tempos pagãos, em que celebrávamos o solstício de inverno, beber cerveja durante a noite mais longa do ano é tradição.Cristãos souberam aproveitar a deixa e a feitura de cervejas especiais continuou firme e forte. Até hoje mosteiros fabricam suas especiais de Natal e algumas microcervejarias artesanais aderiram com tudo à idéia.

As chamadas sazonais enriquecem o cardápio de tipos produzidos pelas cervejarias. Natal no hemisfério norte é época em que o frio começa a pegar e, por isso, muitas Xmas Ales são fortes e encorpadas. Aqui no Brasil, embora vivamos num país tropical, temos o costume de consumir perus e outros assados bem calóricos. Mas podemos ser mais espertos e passar a colocar na mesa pratos mais tenros e leves. E, para revolucionar de vez, deixar nosso Papai Noel de bermudas e beber uma cerveja feita aqui, com nosso clima em sua receita.

Nós, Lupulinas, fizemos um apanhado de algumas cervejas de Natal fabricadas por cervejarias artesanais brasileiras. Incluímos na lista algumas cervejas fabricadas com o método champenoise que são feitas o ano todo porque o espoucar de rolhas nos remete às festas e comemorações.

Brasileirinhas

A cervejaria Schincariol, que está investindo em algumas artesanais que ela comprou, apresenta dois rótulos para o Natal: a Eisenbahn Weihnachts Ale, produzida pela primeira vez em 2003, e a Baden Baden Christmas Beer que está em sua sexta edição. Infelizmente, a Schincariol só garante sua distribuição pelas regiões Sul e Sudeste e enquanto durarem seus estoques.
Einsenbanh Weihnachts Ale – cerveja de estilo belga, com sabor encorpado e marcante. Seu teor alcoólico é de 6,3% um pouco acima dos 4,5% de uma pilsen normal e possui paladar acentuado de lúpulo.
Baden Baden Chrismas Beer – foi feita pensando numa ceia mais leve e é uma cerveja de trigo tipo Ale, refrescante, um pouco frisante, clara, de corpo leve, de aroma frutado e com um sabor levemente seco. Mesmo um peru assado fica, por contraste, muito bem acompanhado.

Bamberg Weihnachts – Alexandre Bazzo, um dos donos da Bamberg, pensou em fazer uma sazonal totalmente diferente das que têm no mercado. Sua receita não é baseada em nenhuma outra existente. Diz Alexandre que só quis fazer uma cerveja que combinasse com nosso clima e a ocasião. Originalmente ela não é de nenhum tipo, mas é avermelhada, cristalina, levemente frutada, com 30 de IBU, 6% de teor alcoólico e destaca o malte, seguindo uma tradição alemã. Ela é comercializada em garrafas de 600 ml e é deliciosamente refrescante graças ao lúpulo alemão da região de Hallertauer.

2cabeças + Mistura Classica + Have a Nice Beer = Have a Nice Saison – Esta inovação será degustada exclusivamente pelos associados do clube Have a Nice Beer: a Have a Nice Saison, desenvolvida numa parceria entre as cervejarias  2cabeças e a Mistura Clássica. Clara e refrescante, ela traz aromas cítricos e florais, com final seco. Ideal para uma noite de Natal em pleno verão, garantindo um bom acompanhamento para aves.

Gringas

Nas prateleiras das lojas especializadas pode-se achar também cervejas sazonais de natal gringas como Delirium Christmas, BrewDog Hoppy ChristmasGouden Carolus Christmas e outros rótulos. Todas na tradição do Hemisfério Norte, bem encorpadas e alcoólicas.

Rolhas para que te quero

Mas há também cervejas de produção contínua, não-sazonais, que casam muito bem com ceias e almoços de Natal de todos os tipos. Feitas através do método champenoise (onde se refermenta a cerveja na garrafa tapada com uma rolha), temos à venda no Brasil, entre outras, as gringas DeuS Brut des Flandres, La Trappe e Malheur Brut.  As brasileiras Wals Brut e Eisenbahn Lust também farão bonito na mesa com um peru, um tender e etc. Por serem cervejas de fabricação lenta e sofisticada, seus preços são bem altos.

É isso. Pre-para e põe pra gelar moderadamente.