Diário de Bordo – Festival da Cerveja parte 1

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bodebrown stande

O Festival da Cerveja, em Blumenau, começou para nós na noite anterior com o lançamento da incrível Frosty Bison, a primeira American IPA da cervejaria local Eisenbahn. O novo rótulo é uma receita ganhadora do 4º Concurso de Mestre Cervejeiro, realizado anualmente pela cervejaria que, desta maneira, apresenta novos e promissores profissionais ao mercado.

A Frosty Bison foi criada pelo cervejeiro Fabert Araújo, presente ao evento, um cara simpático que costumava fazer suas receitas em casa..

Para acompanhar a nova American IPA a Eisenbahn lançou um copo especial, semelhante ao ~copo mágico~ da Dogfish Head porém um pouco menor. O copo ressalta as qualidades das IPAs e esta deve ter sido a razão para seguir os passos da cervejaria americana. Infelizmente os copos não estarão à venda. Mas atendendo a pedidos dos consumidores, a Eisenbahn resolveu envasar sua Frosty Bison em garrafas de 500ml: mais sabor em maior quantidade. Elas chegarão ao mercado ao preço de 16 dilmas.

O aroma dos lúpulos americanos da Frosty logo aparece. A espuma da cerveja é boa, consistente, o sabor é amargo-cítrico e corpo, leve e sem arestas. Mais uma ótima IPA artesanal brasileira para festejarmos.

Ah, e vale destacar o bar-fábrica da Eisenbahn. Comprada pela Kirin Brasil, a cervejaria mantém a filosofia das artesanais. Do bar, através de um vidro, podemos acompanhar todo o processo de feitura de suas cervejas. Se for a Blumenau, não deixe de visitá-la. Imperdível.

No dia seguinte fomos convidadas para o almoço no The Basement Pub que apresentou seu novo cardápio de burgers e hot-dogs. O bar pertence aos ex-proprietários da Eisenbahn, que agora se dedicam a produzir os tradicionais queijos fundidos de Pomerode. Deliciosos, aliás. Adoramos os hambúrgers, os queijos e as artesanais que os acompanharam. Outro pico para explorar em Blumenau.

O Primeiro dia do Festival

As Premiadas

Às 21 hs, muita alegria e comemoração com a premiação das 23 cervejas que receberam medalhas de ouro. Elas passaram de 80 pontos na avaliação geral e foram coroadas como melhores do Brasil nos seus estilos. A Stout Açaí, da Amazon Beer, recebeu 91 pontos entre os 100 possíveis e foi eleita a melhor cerveja do país.

Outro resultado muito comemorado foi o bicampeonato da Bodebrown, de Curitiba, que foi eleita de novo a melhor cervejaria do país. Foram 10 medalhas:  uma de ouro, seis de prata e três de bronze. Em segundo lugar ficou a Brasil Kirin com os premios da Eisenbahn e Baden Baden. E em terceiro a Gauden Bier, com os rótulos da Dum, Morada Etílica, Pagan e seus proprios de fábrica.

A cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto (SP), foi a que mais acumulou medalhas de ouro. Foram três: Colorado Ithaca, Colorado Vixnu e Colorado Ithaca Oak Aged.

Os lançamentos

A Baden  Baden, de Campos do Jordão, lançou uma levíssima Witbier. Com toques de coentro e aroma de laranja, estilo belga, esta Witbier é bem refrescante.

A cervejaria Wäls, de Belo Horizonte, preparou uma cerveja para nossa temperatura tropical: a Session Citra com um rótulo bem esperto.

A Schornstein, de Pomerode, apresentou a Blanche de Maison, uma Witbier clássica com coentro, laranja, tangerina e limão siciliano. De cara, arrebatou a medalha de prata de seu genero. Aliás, a Schorstein ganhou ouro com a sua magnifica IPA, já no mercado.

A Morada Cia Etílica, de Curitiba, mostrou a Hop Arábica, unindo o melhor da cerveja e do café.

A Dama Bier, de Piracicaba apresentou a Imperial Coffee IPA, com 9% ABV e adição de café de São Paulo.

A Way Beer, de Curitiba, levou a linha Sour me Not, composta inicialmente por três cervejas com frutas (morango, acerola e graviola).

A Baldhead, de Porto Alegre, fez sucesso com a Kojak IPA.

A Bamberg, de Votorantim, levou barris de  Franconian Raphsody, uma gostosa helles defumada.

A gaúcha Seasons agraciou os amantes de lúpulo com a XXXPA servida em chope. Nosso olhar também foi atraído pelas descoladas camisetas da cervejaria que – parabéns, Leo! – levou ouro pela Cirillo, prata pela Pacific e bronze pela Holy Cow.

Outro estande que nos chamou a atenção foi o da Lake Side, cervejaria que trabalha sem glúten e faz diversos tipos de cerveja. De cara levou o Ouro pela Crazy Rye. Em breve faremos um post só sobre esta cervejaria corajosa e criativa.

A campeã Bodebrown, de Curitiba, lançou um vídeo mostrando tudo o que vai levar para o festival. São 2 mil litros de cerveja em 18 rótulos, sendo que 5 deles envelhecidos em barris por até 18 meses. Assista ao vídeo:

 Destaques

Mais uma delícia que degustamos: a Coruja Labareda, que o talentoso Rafael Rodrigues nos apresentou com sua simpatia característica. Uma cerveja com pimenta, complexa, que traz alegrias aos sentidos e pede outro gole na sequência.

A alegria de beber mais uma vez a maravilhosa Funk IPA, da Cervejaria 2Cabeças, só não é maior que a de encontrar Maira Kimura e Bernardo Couto. Alias, parabéns pelas Medalhas de Bronze recebidas pela  Hi5 e a propria Funk IPA

Uma delícia também os sorvetes, feitos com cerveja é lógico!, da Gelataio de Curitiba.

Enfim, são muitos rótulos diferentes e nunca conseguiriamos provar todos apenas numa noite. O festival prossegue até dia 15 e no próximo post comentaremos sobre seu desfecho e as eleições para a Associação Brasileira das Microcervejarias.

Festival Brasileiro da Cerveja
Data/horário: 12 a 15 de março de 2014 (de 12 a 14 a partir das 19h e no dia 15 a partir das 15h)
Local: Parque Vila Germânica, em Blumenau (SC)
Mais informações: www.festivaldacerveja.com

Chuva, Suor e Cerveja: as boas deste carnaval

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boteco com way

O Carnaval tai e folionas e foliões já começam a ocupar alegremente as ruas. Esta é a época do ano em que Os Grandes da Indústria Cervejeira investem pesado no marketing da festa, na mulherada com bunda de fora, em blocos de rua, camarotes e associam suas marcas ao hedonismo e à zueira. Essas cervejas abundam no Carnaval e nós, Lupulinas, não estamos interessadas nelas.

Nós, que gostamos de cervejas artesanais e também de carnaval, precisamos lançar mão de alguns truques e recursos para aproveitar a festa com cervejas mais ao nosso gosto. Aqui vão umas dicas:

1. Aproveite a moda dos rolês do isoporzinho e leve suas favoritas para a rua, devidamente refrescadas num cooler ou isopor. Carregue-as para o bloco, pra dividir com amigos e amigas. Deposite os cascos vazios em local apropriado para reciclagem. Limpe depois toda sua sujeira.

2. Cole em algum bloco que passe perto de bares que vendam cervejas artesanais e assim se abasteça no meio da folia. Não mije na rua.

3. Se for assistir desfiles pela TV, encha a geladeira com delicinhas artesanais, convide a galera (e que ela venha também com cervejas boas) e seja você o rei do seu camarote. Trate bem os convidados e sirva petiscos pro pessoal não queimar a largada.

4. Se você for fugir da folia e se isolar num sítio, não se esqueça de levar caixas e caixas de artesanais para viagem e não as deixe sofrer com o sol e o calor. E se beber, não dirija.

5. Se for fazer um churrasco, peça chopp artesanal para sua festa. Há micro-cervejarias que distribuem seus barris também para pessoas físicas, como a Bamberg Express, aqui em SP.

6. Muitos supermercados de rede vendem artesanais, inclusive geladas. Se você der sorte, pode achar algumas nas prateleiras enquanto dá aquela escapadinha da folia para dentro do mercado. Rótulos como Eisenbanh, Colorado e Baden Baden são os mais fáceis de encontrar.

Por fim, recomendamos os estilos mais leves e menos alcoólicos, ideais para quem vai passar o dia inteiro bebendo, provavelmente, sob forte calor. Lagers, Pilseners, Weizen/Weiss e Pale Ales. Ah! E não esqueçam da água que dá aquela qualidade de cervejeiro fundista.

 

Sugestões : (escolhemos cervejas mais fáceis de encontrar nas prateleiras dos supermercados – somente brasileiras)

Eisenbahn Pilsen (latão especial de 473ml)
Way Pale Ale
Way Premium Lager
Bamberg Kolsch (sazonal de carnaval)
Bamberg Camila Camila
Colorado Appia
Baden Baden Cristal
Amazon Taperebá Witbier

 

Lager: a favorita da galera

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Muita gente fica confusa quando o assunto é o tipo da cerveja que bebemos ou queremos beber. Básicamente as cervejas podem ser lagers ou ales. Vamos, neste post, falar só das lagers que são as cervejas mais consumidas do mundo. No Brasil, só pra dar idéia da popularidade, 99% das cervejas consumidas são do tipo lager (e industrializadas, já que o hábito de beber artesanais, embora cresca ano a ano, ainda não faz parte do dia a dia do brasileiro, por inumeros motivos que ainda abordaremos aqui no Lupulinas).

Basicamente, o que diferencia uma ale de uma lager é o processo de fermentação das cervejas. As ales passam por um processo de alta fermentação em temperatura ambiente. As lagers são menos fermentadas e o processo ocorre sob temperaturas frias. Graças a este processo de (baixa) fermentação, as cervejas estilo lager resultam geralmente mais límpidas e menos opacas. Quanto à coloração as lagers variam, de amarelo claro até completamente pretas e, em geral, são menos alcoólicas que as ales. Outra diferença entre os dois tipos é que a levedura é colocada acima do mosto nas ales e abaixo dele nas lagers.

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Outro ponto é que, graças sua leveza, as lagers pedem para ser bebidas refrigeradas, enquanto as ales devem ser servidas em temperatura ambiente. Obviamente essa observação é um tanto eurocêntrica. Aqui no Brasil, a verdade é que refrescamos as ales e gelamos as lagers porque o calor de verão assim exige. Tudo é adaptação.

Para melhor explicar os tipos e subtipos de cerveja lager, resolvemos emprestar esse infográfico bacaninha do livro “Brasil Beer – O guia das cervejas brasileiras“.

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Pois então, camaradas, temos lagers escuras (bocks e dunkels), douradas (vienna) e as claríssimas (dortmund e pilseners). Elas variam também na adição de lúpulos, com o amargor variando de 8 a 35 IBU (exceto as tchecas, mais lupuladas, que alcançam 45 IBU).

Talvez o mais conhecido subtipo de lager dos brasileiros seja a pilsener (também chamada de pilsen), bem clara, não muito amarga e levemente aromática. Ela deve seu nome a cidade de Pilsen, República Tcheca, onde foi criada em 1842 por um cervejeiro local, da região da Bohemia. Mas o que as indústrias no Brasil afirmam ser pilsen soaria como insulto entre os tchecos. A mistura de milho descaracteriza totalmente a pilsen brasileira industrial.

Nós, Lupulinas, gostamos especialmente das tchecas. Fomos até Praga em busca de suas famosas lagers. No Pivovarský Dům (literalmente, “Casa do Cervejeiro”), bar-cervejaria não muito longe do centro, experimentamos duas clássicas lagers tchecas: a clara e a escura (há também a opçao de misturar as duas). Bebidas assim, fresquíssimas, direto da torneira onde os caras fabricam a cerveja, é uma experiência única. A cervejaria não envasa, mas você pode levar um growler pra casa ou para o hotel (falaremos mais de Praga em outro post).

Outra famosa e deliciosa cerveja que provamos em Praga foi a lager do U Fleku, bar-cervejaria perto do Teatro Nacional. A U Fleků Flekovský Tmavý Ležák 13° (sim, é este o nome da cerveja) é bem escura, límpida, redondíssima, leve e só encontrada em suas torneiras (eles não engarrafam).

A verdade é que há um mundo de lagers a ser explorado e para isso selecionamos algumas artesanais brasileiras para a galera:

LAGERS ARTESANAIS BRASILEIRAS (tipo e estado em que são porduzidas)

Biritis – Vienna Lager – RJ
Way Premium Lager – Premium American Lager – PR
Way Beer Amburana Lager – maturada em barril de amburana – PR
Schornstein Pilsen – American Lager – SP
Backer Capitão Senra – Amber Lager – MG
Baden Baden Crystal – American Lager – SP
Bamberg Camila Camila – Bohemian Pilsen – SP
Colorado Cauim Pilsen – Pilsener com féculas de mandioca – SP
Coruja Extra Viva – Lager Premium – RS
Jan Kubis – Amber Lager – PR
Eisenbahn Pilsen – Lager – SC
Eisenbahn 5 – Amber Lager com dry hopping – SC
Falke Bier Red Baron – Vienna Lager – MG
Invicta – German Pilsener – SP
Mistura Clássica Mary Help – Vienna – RJ
Morada Double –  Vienna – PR
WÄLS Pilsen – Pilsen Bohemia – MG
WÄLS X-Wals – American Lager – MG