Bohemia & Wäls: fusão entre as duas cervejarias gera polemica

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texto e fotos de Cilmara Bedaque

Quando Vange e eu resolvemos escrever sobre cervejas artesanais logo nos chamou a atenção a similaridade que existe entre este mundo e o rock dos anos 80 onde vivemos tão intensamente. A camaradagem entre os cervejeiros, a relação apaixonada dos ~fãs~ , enfim já escrevemos sobre isso. leia aqui. Um dos principais pontos de ruptura, na época, entre bandas e fãs era o contrato com a gravadora multinacional que impingia à banda o carimbo de ~vendida~

Pois bem. Mais uma vez esses mundos se aproximam quando é feito o anúncio que a gigante do mercado (Ambev) vira sócia da pequena talentosa e premiada (Wäls).

Parece que a Ambev andou aprendendo alguma coisa. Se em anteriores associações desfigurou as cervejarias compradas, neste novo negocio ela dá moral e uma espécie de autonomia para os irmãos José Felipe e Thiago Pedras Carneiro, mineiros donos da Wäls. Eles construíram uma das historias mais bem sucedidas do mundo cervejeiro artesanal brasileiro. Com investimento, trabalho e talento projetaram o nome do Brasil em inúmeros prêmios conquistados no exterior. Sua maior conquista foi o ouro e a prata na World Beer Cup e irão inaugurar em breve uma cervejaria em solo americano.

A Ambev, que está bem atenta ao movimento da cerveja artesanal aqui no Brasil, pegou sua marca Bohemia, profissionais jovens e entusiasmados e propôs “sociedade” a Cervejaria Wäls que também entusiasmou-se com a possibilidade de vender cerveja boa para um publico maior.

A parceria foi anunciada na fábrica da Wäls, na capital mineira, com muito entusiasmo e alegria, mas sem nenhum comentário em relação a números. Mesmo indagado sobre os termos da parceria, José Felipe deixou claro que não teremos acesso a estes números, mas também garantiu que o negócio da Wäls é cerveja e que os profissionais escalados pela Ambev para executarem esta parceria têm a mesma paixão.

Todos os rótulos produzidos pela Bohemia e pela Wäls continuam no mercado e, pra celebrar esta parceria, será lançada a Saison d’Alliance, uma saison com sálvia, gengibre e hortelã no Festival Brasileiro de Cerveja. A produção será apenas de dois mil litros, as garrafas serão de 375 ml e arrolhadas.

Mesmo antes do anúncio oficial, os comentários contra e a favor agitaram a internet e os papos entre os conhecedores e consumidores. Desde o “não bebo mais Wäls porque ela será feita de milho” até o “que maravilha! Viva o monopólio!” O Lupulinas acredita nas boas intenções dos donos da Wäls e no interesse financeiro da Ambev. Em um mercado como o americano este passo já está sendo dado. A compra ou a sociedade com artesanais para também faturar neste segmento.

Este caminho que a Ambev está seguindo foi inaugurado no mercado brasileiro pela Kirin que, recentemente, comprou a Baden Baden e a Eisenbahn sem interferir nas receitas do portifólio destas cervejarias.

Toda esta movimentação é um reconhecimento ao crescimento do mercado cervejeiro artesanal no Brasil e, se os negócios forem feitos com respeito e transparência ao consumidor, ganham eles, ganhamos nós e a boa cerveja chega democratizada a mais mesas brasileiras.

Façam Wäls e Bohemia o mundo cervejeiro artesanal no Brasil crescer sem perder a qualidade! Desejamos boa sorte e comentaremos, daqui há um tempo, quando ele puder ser analisado, o resultado desta parceria.

 

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7 thoughts on “Bohemia & Wäls: fusão entre as duas cervejarias gera polemica

  1. Tomara que dê certo! Sou fã da Wäls, especialmente a Quadrupel! Estive na fábrica deles em BH no ano passado e achei a experiência muito boa… Grande variedades de draft!

  2. Bem, eu duvido muito que vão manter por longo tempo a pureza da cerveja. Quando o Sicupira quis fundir a Brahma com a Antarctica foi para ganhar escala. Aqui no Brasil até a Stella Artois é feita da duplinha maldita: arroz e milho. A Ambev já tentou emplacar no Congresso uma lei com somente 20% de malte e foi derrotado.
    Já assisti a algumas palestras do Zé Felipe e ele sempre falou que todo ano vendia mais, porém seu pai continuava comparecendo com o dinheiro para fechar as contas.
    Espero que não jogue seu sonho por terra, pois o ressurgimento das artesanais foi justamente para dar um basta no monopólio das grandes cervejarias.

  3. Adoro cervejas artesanais. Geralmente estas fusões com as grandes acabam derrubando a qualidade em detrimento da produção. Vamos ver no que vai dar. Infelizmente não pude comparecer ao Festival de La Biere no Terreirão do Samba no Rio em 2014 para provar a cerveja e em 2013, diga-se de passagem quase todos os stands atenderam de forma absurdamente péssima. Inclusive o pessoal da Wals. Eu que sou natural de BH saí de lá p…to devido a postura de vários expositores.

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