Cervejaria Dogma: Nasce Uma Estrela

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texto: Cilmara Bedaque
fotos: Fernando Satt Fotografia, Leo Satt  e Cilmara Bedaque

O título não é exagero. O Lupulinas fica feliz quando boas idéias se realizam com amor e competência. Muitos de vocês já conhecem daqui do blog, do Instagram ou do Twitter rótulos como Cafuza, Hop Lover, Touro Sentado, Hamurabi, Branca de Brett e Condessa d’Augusta. São todas excelentes cervejas que o Lupulinas indica com alegria. Essas cervejas eram feitas por três amigos que tinham três cervejarias: Bruno Moreno (Serra de Três Pontas), Luciano Silva (Noturna) e Leonardo Satt (Prima Satt). Eles se ajudavam nas receitas, na produção, na logística de distribuição e etc. Os rótulos de cada uma eram Cafuza, Hop Lover, Loucura de Baco, Touro Sentado e Branca de Brett na Serra de Três Pontas; Green Lover, Loucura de
Baco, Neblina e Condessa d’Augusta na Noturna e Cafuza e Hamurabi na Prima Satt. Pois então vamos agradecer os serviços prestados por elas e festejar o nascimento da Cervejaria Dogma.

Sim. Eles resolveram ser uma só cervejaria e ontem no Empório Alto de Pinheiros (EAP) foi lançada a Dogma e seus dois primeiros rótulos. São eles:

THE WALLACE
Estilo: Wee Heavy
ABV: 8%
IBU: 25

William Wallace liderou os escoceses contra os ingleses, abrindo caminho para que Robert The Bruce estabelecesse a independência escocesa. A The Wallace é uma Strong Scotch Ale (Wee Heavy), com aromas de caramelo e frutas secas, de sabor adocicado, corpo alto e fermentada com fermento tradicional escocês, resultando assim em uma cerveja agradável e complexa.

ORFEU NEGRO
Estilo: Russian Imperial Stout
ABV: 12%
IBU: 60
A peça Orfeu Negro da Conceição retrata um dos pilares do pensamento de Vinícius de Moraes: o amor absoluto. Com aromas de café, chocolate, caramelo e frutas secas, além de notas de baunilha apoiados em um corpo denso e aveludado, ela é como uma Russian Imperial Stout deve ser.

As duas cervejas são inesquecíveis mostrando que os caras não estão para brincadeira. O Lupulinas bateu um papo com eles, fez perguntas e gostou das respostas e intenções.

Lupulinas – Suas antigas cervejarias já atuavam juntas na distribuição e mesmo na criação de alguns rótulos. Por que agora a criação da Dogma?
Cervejaria Dogma – A criação da Dogma foi feita para diminuir um pouco a confusão que havia entre as marcas e para conseguirmos focar nossas energias em uma única marca e não dissipar em três marcas diferentes. Nós decidimos isso para tentar formar uma marca mais forte e com mais identidade e também, claro, juntar a força criativas das três cervejarias anteriores.

Lupulinas – Vocês optaram por deixar alguns rótulos antigos no mercado. Quais são as eles e qual o motivo deles serem escolhidos?
Cervejaria Dogma – Está tudo muito recente ainda, a princípio vamos manter Cafuza, Hop Lover e Green Dream. A idéia é manter o produto mais forte de cada marca, mas não tem nada completamente decidido sobre os outros rótulos, vamos sentir o mercado e ver o que achamos que vale a pena continuar ou não!

Lupulinas – A The Wallace e a Orfeu Negro que tive o prazer de experimentar na torneira são as novidades da Dogma. Falem um pouco de cada cerveja e por que a escolha destes estilos.
Cervejaria Dogma – A idéia era lançar duas boas cervejas para o inverno e que pudessem marcar a nova marca, por isso escolhemos duas receitas que são muito complexas e interessantes para ser o nosso cartão de visita. A The Wallace é uma Wee Heavy com uma ótima caramelização tanto dos maltes quanto da fervura e traços de fermento bem presentes que trazem grande complexidade para a cerveja. A Orfeu é uma Russian Imperial Stout muito robusta, corpo aveludado e muito complexa com aromas de chocolate, café, baunilha e ótimo perfil de fermentação.

Lupulinas – As micro cervejarias estão buscando junto ao governo federal um reconhecimento à sua importância como geradora de renda e trabalho locais e também uma escala no imposto a ser pago. Qual a posição da Dogma neste assunto?
Cervejaria Dogma – Acreditamos que precisamos mostrar para o governo duas coisas, primeiro que queremos aumentar o consumo responsável da bebida, sempre focados no beba menos beba melhor. E o que é tão importante quanto é que podemos ser produtivamente menos eficientes, mas somos socialmente mais eficientes. Geramos empregos em pequenas cidades e grandes cidades. Sempre queremos disseminar cultura em nossos produtos e o mais importante, geramos aproximadamente um emprego a cada 20.000 litros produzidos, enquanto a grande indústria gera um emprego a cada quase um milhão de litros produzidos. Ou seja, se aumentarmos a nossa fatia de mercado podemos gerar muito mais empregos diretos que a grande indústria da cerveja.
Apoiamos totalmente a Abracerva (Associação Brasileira da Cerveja Artesanal) e a Apacerva (Associação Paulista de Cerveja Artesanal), tanto que no lançamento doamos um barril para que o valor fosse doado para essas instituições. O único meio de conseguir que o setor sobreviva é a redução dos tributos para que consigamos preço para expandir nosso público, que hoje, infelizmente, é restrito.

Lupulinas – Pois é: a questão do preço para o consumidor. É inegável a qualidade de suas cervejas, mas também é dura a realidade do alto preço que é cobrado ao consumidor.
Cervejaria Dogma – Mais inegável é que a carga tributária sobre o setor hoje é gigantesca. Nossos produtos são caros porque usamos ótimos insumos e produzimos em ótimas cervejarias e isso tem um custo. Mas o chamado custo Brasil é o maior de todos, logística e energia estão cada vez mais caras, mas o principal é a tributação. Hoje no Brasil quanto melhor seu produto, mais imposto você paga, pois se você tem um custo maior seu imposto aumenta, pois ele é um percentual do faturamento. Cada um real a mais que colocamos de insumos tem que ser multiplicado por 1,5 devido a carga tributária elevada. Hoje em uma garrafa nossa que o consumidor paga R$24,00 – por exemplo – R$1,00 é nossa margem aproximadamente, mas se juntar os impostos de toda a cadeia nessa garrafa R$7,00 foram para o Governo.

Lupulinas – Sei que vocês começaram a fazer cerveja juntos, na panela, e isto criou e fortaleceu a amizade. Como donos de uma única micro cervejaria existe função determinada para cada um?
Cervejaria Dogma – A criação de produtos é feita pelos três, mas tentamos dividir as tarefas. O Leo tem mais foco em vendas, o Bruno na comunicação e o Luciano nas operações diárias da empresa.

Lupulinas – Onde vocês produzem seus rótulos?
Cervejaria Dogma – Nossos rótulos são feitos pela Agência Form e as ilustrações são do estúdio Alkemist.

Lupulinas – Quais são os planos da Dogma ainda para este ano e para 2016?
Cervejaria Dogma – Temos muitos planos, vamos lançar mais dois rótulos e temos um projeto no Social Beers atualmente, uma Black Saison com açaí em colaboração com a Stillwater dos EUA. Mas o foco principal agora é colocar nossos produtos já existentes gradualmente na Dogma!

É isso daí. O Lupulinas deseja boa sorte para a Cervejaria Dogma e que todos possamos experimentar e curtir todas novidades que vêm pela frente!

Cervejas Pra Aquecer o Inverno

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texto e fotos: Cilmara Bedaque

 

O inverno pede cervejas mais encorpadas, ricas em malte e com teor alcoólico mais elevado. Essas cervejas geralmente são escuras, mas não obrigatoriamente. Além de nos aquecer ao bebermos, elas também acompanham muito bem refeições mais gordurosas como assados e molhos mais substanciosos.

A presença do malte e o quanto ou a maneira como foi tostado dão uma coloração ruiva lembrando caramelo, marrom que remete à bala toffee e defumados e a totalmente negra que sugere café e chocolate aos nossos sentidos. Não precisam estar muito geladas para que não percamos a delícia que é bebê-las.

Temos pelo mundo inteiro – e aqui no Brasil – maravilhosos exemplos dessas cervejas que podem ser quanto ao estilo bem variadas. Por exemplo, Bock, Weizenbock, Dubbel, Tripel, Strong Dark Ale, Stout, Barney Wine, Old Ale, Porter, IPA, Russian Imperial Porter e etc. Se vier escrita a palavra Imperial antes de alguns destes estilos, saiba que é potencializada a receita da cerveja com maior teor alcoólico e, em alguns casos, com adição de maior quantidade de lúpulo.

Poderia ficar horas escrevendo sobre maravilhosas cervejas, novas e antigas, mas vou preferir recomendar minhas preferidas das que temos nos super-mercados. Isso pensando na comodidade e também no preço mais acessível. Comecemos pelas Baden Baden, de Campos do Jordão (SP) que hoje estão incorporadas ao catalogo da cervejaria japonesa Kirin. Muito boas as Chocolate, Stout e Bock. Da Cervejaria Colorado, temos a especialíssima Vixnu, uma Imperial Double IPA com teor alcoólico de 9,5%; a Demoiselle, uma Porter que leva adição de café; a Indica com rapadura em sua receita e a sazonal Ithaca, Imperial Stout que leva rapadura queimada. Todas estas cervejas, além de acompanhar refeições mais gordurosas (de assado a feijoada), ficam ótimas também com queijos de massa dura (Grana Padano, Parmesão) ou os chamados azuis (Gorgonzola e Roquefort).

Nas gôndolas dos supermercados também encontramos as brasileiras Way Cream Porter e Avelã Porter, as Bamberg Rauchbier e Bambergerator, as Eisenbahn Strong Golden Ale, Weizenbock e Dunkel, a Schornstein Imperial Stout, as Wälls Tripel e Petroleum e a Amazon Stout Açai. Todas excelentes.

Vindas de fora e encontradas também nos super-mercados, recomendo as belgas Delirium Tremens (a conhecida marca do elefante rosa), St Feullien Tripel, a trapista Chimay Blue, Carolus Tripel, St Bernardus Tripel, Maredsous 10 , Tripel Karmeliet, La Chouffe e Duvel. Da cervejaria americana Brooklyn, no inverno podemos nos deliciar com a Brown Ale e mesmo com a East Indian Pale Ale (IPA). Dos ingleses, mestres e inventores dos estilos Porter e Stout, encontramos a Harviestoun Old Engine Oil, uma Robust Porter muito boa e a Robinsons Old Tom com chocolate. Das alemãs, gosto da Erdinger Pikantus e a Franziskaner Hefe-Weissbier Dunkel.

Se você quiser gastar mais numa data especial a opção é ir à loja de cervejas artesanais da sua cidade. Aí esta lista aumenta bastante, mas posso, em linhas gerais, dar destaque para as nacionais Tupiniquim Dubbel, Bodebrown Perigosa Imperial IPA, Dum Petroleum, 3 Lobos Bravo, Anner Bier Maria Degolada e as importadas Dieu du Ciel! Aphrodisiaque, Rogue Hazelnut Brown Nectar, Flying Dog Gonzo, a trapista Rochefort 10, De Molen Hamer & Sikkel, Ballast Point Porter e outras tantas.

O que vale é que no inverno você pode sair da mesmice de queijos e vinhos e se jogar no mundo da cerveja de qualidade. Esqueça as imagens de cervejas geladas e praias por uma temporada. Mude sua cabeça e veja cervejas de chapéu e cachecol.

Aé Sagarana: novo bar na Vila Madalena

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texto e fotos: Cilmara Bedaque

Depois de alguns tropeços, desde sua abertura em setembro de 2014, agora podemos resenhar com prazer a nova unidade do Empório Sagarana em São Paulo. Localizado em frente ao carinhosamente apelidado por nós de Sagalena, tive uma experiência excelente no Aé Sagarana.

O nome, explicado pelo gerente da casa o paulistano Gus, vem do tupiniquim e quer dizer, apropriadamente, Finalmente Sagarana. Explico para os que não conhecem: o Emporio Sagarana, na Lapa paulistana é pioneiro e referência quando o assunto é cachaça e cerveja artesanal. Querendo ampliar sua clientela, Paulo Leite, dono do Sagarana, encontrou em Tiago Azambuja um ótimo sócio e abriu um Sagarana na Vila Madalena. O espaço é pequeno, só comporta geladeiras com boas cervejas artesanais (era uma antiga marcenaria do bairro)e é ele que chamamos de Sagalena. O sonho era ter também um bar com uma boa cozinha e espaço para instalar barris e torneiras de chope. A oportunidade rolou com um imóvel que ficou vago na frente do Sagalena e pah! as coisas foram se arranjando até agora que podemos ficar felizes em dar uma passadinha por lá.

Vinte e uma torneiras com chopes brasileiros, americanos, belgas e o que melhor pode ser disponibilizado em SP com seus barris dentro de um belo balcão frigorífico. Isso nos anima. Cheguei e cravei meus olhos no sensacional Anderson Valley Imperial IPA e não me decepcionei. Como fantásticas opções ainda rolava Brooklyn Summer Ale, Cafuza, La Trappe Quadrupel, Pauwel Kwak, Rodenbach Grand Cru, Rubicon IPA, Bamberg Rauschbier, Schorstein IPA, Tripel Karmeliet e outras delicinhas mais.

Estava com fome e o Aé Sagarana oferece deliciosas opções de burger feito na casa que provocam dúvidas de tão gostosas e originais que parecem ser suas receitas. Investi no nome da casa e pedi o Sagaburger. Hummmm… 180 gramas de burger artesanal, panceta, queijo da Serra da Canastra e um ovo mole no pão de mandioca. Vocês acham que estava bom? Erraram. Estava ótimo! Voltarei para experimentar um a um.  #Gorda #Gulosa

Além dos sandubas, a casa oferece também uma boa variedade de petiscos como bolinho de mexidinho, coxinha de porco, alheiras e cogumelos. Todos com bons ingredientes e combinações originais.

Como não poderia deixar de ser, a cachaça também tem lugar de destaque nesta filial do Sagarana e uma carta com mais de trinta delicias, principalmente de Minas, pode ser degustada. O bar investe também em coquetéis feitos com cachaça e os que experimentaram me falaram super bem.

Gostei do ambiente que tem o cuidado de deixar um cobertor em cada mesa nesta tentativa de inverno paulistano. Com muita madeira na decoração, o Aé Sagarana é confortável e quentinho quando tem que ser.

Gosto também de contar com o Sagalena em frente com seus bancos e mesas rústicos e a carta de cervejas que também é muito bem feita. Parece que estou apaixonada, né? É. Só aconselho que você beba devagar porque o chope e a cerveja artesanais, além do sabor e da qualidade de seus ingredientes, tem também em média uma graduação alcóolica maior do que você está acostumada. Ah, sim! E seu preço também /o\

AÉ SAGARANA
Rua Aspicuelta 268 (esquina com a Girassol)
telefone: (11) 3031-0816
terça a sexta das 17h a 1h
sábado das  12h a 1h
domingo das 14h as 22h
wi-fi e estacionamento perto

 

As novidades da Cervejaria Brooklyn aqui no Brasil

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texto e fotos de Cilmara Bedaque

Ontem o clima foi super descontraído no lançamento de dois novos rótulos da cervejaria americana Brooklyn lá no Empório Alto de Pinheiros. Feliz por estar saindo de uma bela gripe e contente de encontrar meus amigos blogueiros de cervejas artesanais, ainda fui surpreendida pelas novidades.

Primeiro, a linha completa da Brooklyn com todos os rótulos importados pela Beermaniacs e mais dois lançamentos sensacionais:
1) da série Brooklyn Quartely Experiment: Brooklyn K is for Kriek (somente garrafa 750ml) e
2) da série Brewmaster’s Reserve: Brooklyn Quadraceraptops (somente chope).
Para comemorar, eles bolaram a Tap Takeover Brooklyn Brewery no EAP que, em bom português quer dizer que você pode, a partir de hoje e durante uma semana, experimentar uma tábua com seis rótulos da Brooklyn em copos de 180ml e depois, se quiser, escolher uma e se deliciar com a boa cerveja na torneira (chope) bem fresca e deliciosa.
Os rótulos escolhidos para esta degustação são:
- Vienna Lager – uma receita clássica, a primeira feita pela cervejaria em 1988 e terceirizada em sua produção até hoje, é a mais vendida da Brooklyn nos Estados Unidos o que se traduz em quase 40 milhões de litros anuais!
- East IPA – a mais vendida no Brasil e uma das primeiras receitas do mestre-cervejeiro da Brooklyn, o simpático Garrett Oliver. É uma IPA com características mais para a escola inglesa do que para a lupuladíssima escola americana.
- Brown Ale – receita anterior à entrada de Garrett na Brooklyn, equilibradíssima que não pende nem tanto ao café nem tanto ao chocolate.
- Sorachi Ace – uma clássica Saison, feira com o lúpulo de origem japonesa, o Sorachi, bem seca e não filtrada. Na refermentação na própria garrafa é acrescentado levedo de champagne o que a transforma numa verdadeira festa em nossa boca.
- Weizenhammer – uma cerveja de trigo que ganhou 87 pontos na BeerAdvocate, a bíblia de notas da cerveja artesanal.
- Quadraceraptors – lançamento aqui no Brasil, é uma Strong Dark Abbey Ale, complexa e, apesar de bem alcoólica, sem nenhum traço de álcool em nossa boca. É da linha que a Brooklyn classifica como Brewmaster’s Reserve, um pequeno lote experimental de uma receita feita só uma vez e destinada aos bares e paladares mais conhecedores do assunto. Garantimos que este seu nome dinossáurico não é à toa. É simpático, mas é uma fera! Uma delícia que deve ser experimentada com cuidado.

Bebemos também a especialíssima A Brooklyn K is for Kriek, inspirada nas cervejas belgas maturadas com cerejas em barris de carvalho, baseada na Local 2, “adicionando mel de flores silvestres, raspas de cascas de laranja, melado de açúcar escuro e cerejas secas Montmorency de Michigan. Após a maturação em barril de carvalho por seis meses, um líquido vermelho vibrante, com intenso aroma das frutas e amadeirado do carvalho surge, portando 10% de álcool. Parece bom, certo? Fica melhor. A cerveja é refermentada mais uma vez na garrafa com fermento de champagne e Brettanomyces. Espera-se mais um ano, e aí sim ela está pronta para servir!” Esta descrição entre aspas foi literalmente copiada do release feito pelo Paulão, dono do EAP, e por Rafaela e eu não poderia descrever melhor. Lembrei de Vange Leonel, nossa inesquec;ivel parceira também aqui no Lupulinas, que descrevia um vinho australiano com um aroma de “suor de leão na savana” já que na Brooklyn K is for Kriek identifiquei um “suor de sela de cavalo”. Juro que não estou brincando!

Nesta semana também está à disposição do publico a possibilidade de experimentar em uma taça de 150ml as garrafas de 750ml da Brooklyn com maravilhas engarrafadas como a Brooklyn Local 1 e 2, a Hand & Seal e outros rótulos que, pelo alto custo da garrafa, ficam sempre relegados a momentos mais que especiais.

A tarde da Brooklyn no EAP foi legal também porque nos foi apresentada a primeira embaixadora da Brooklyn aqui no Brasil, a gaúcha Rafaela Brunetto que, com simpatia, bom humor e competência, fez nossa já agradável tarde de degustação ficar relaxada como um bom papo entre amigos que apreciam uma boa cerveja artesanal. Em meio a curiosidades sobre o nascimento da Brooklyn e seu momento atual fomos bebericando e coletando estas informações.

Que a Brooklyn continue entre nós por muito tempo!

 

Marcelo Carneiro & Colorado: um papo com o dono da cerveja do ursinho (parte dois)

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texto e edição: Cilmara Bedaque

fotos: Cilmara Bedaque e Marcelo Carneiro

Vamos à segunda parte da entrevista que fiz com Marcelo Carneiro, dono da Cervejaria Colorado, conhecida por todos pelo mascote do ursinho. Não leia esta segunda parte sem ter lido a primeira para captar a fluidez do papo.
Cilmara – Você falou que compra quantas toneladas de rapadura atualmente?
Marcelo – Uma tonelada.

Cilmara – Quantos litros você produz hoje e quais são os planos pra 2015 porque eu sei que você está expandindo a fábrica… Aí na mesma pergunta, tudo junto, hoje a empresa não é mais familiar, você deu uma profissionalizada na empresa. Fala sobre tudo isso, Marcelo…

Marcelo – A Colorado faz de 150 a 200 mil litros num mês bom. Nós terceirizamos a produção em mais duas indústrias, a Cevada Pura e a Lund. Tudo isso tem uma história bacana e eu sou orgulhoso dela. Por que eu terceirizo na Cevada Pura? O Alexandre, dono da Cevada Pura, foi o primeiro estagiário da Colorado. A Colorado é também uma incubadora de outras empresas. O Rodrigo, da Invicta, começou como motorista da Colorado. Foi prático, cervejeiro da Colorado, hoje tem sua própria cervejaria. A Lund é uma cervejaria bem pequena de Ribeirão, tem os tanques que a gente precisa pra algumas tiragens e a gente faz com eles, também porque são da nossa cidade. Em Ribeirão Preto a gente tem uma cena cervejeira muito bacana porque todo mundo se ajuda. Às vezes falta fermento, ou falta garrafa e a gente tenta sempre, dentro do possível, se ajudar um ao outro. Estamos sempre nos encontrando, bebendo juntos. É muito importante que nas outras cenas cervejeiras, porque a gente tem outros focos, tem Curitiba, tem Minas Gerais, é importante haver esse entendimento. E eu acho que isso está acontecendo nas outras cidades do país.

Quanto a se profissionalizar, não tem jeito, gente, eu fico falando isso. Ficamos muito contentes de ganhar medalha, mas mais bacana é você conseguir fazer uma cerveja com repetibilidade todo o dia, entregar, pagar os seus impostos… Isso é uma coisa dura de dizer porque é muito fácil ficar falando que vivemos num país injusto… Eu comecei a me rebelar contra os impostos, mas eu vi que quando você não paga, você não tem direito nenhum. Então comecei aos trancos e barrancos a pagar o meu, eu meio que fui até voluntário para colocar o SICOBE na minha fábrica e isso me custou muito, mas por outro lado me fez aprender, me obrigou a me profissionalizar, porque quando você tem o SICOBE você está pagando imposto até pela garrafa quebrada, por todos os seus amadorismos.

dica para o leitor: SICOBE é um sistema que a Receita Federal coloca na fábrica que fotografa cada garrafa e manda para a própria Receita online. É um sistema de controle que a indústria de armas no Brasil não tem.

Marcelo – Eu achava uma coisa totalmente orwelliana, mas se for um instrumento de justiça não me incomoda ter. A gente foi falar com o governo, quando eu era presidente da ABRACERVA (Associação Brasileira de Cerveja Artesanal), fui falar pelos menores e pelos maiores que eu. Estávamos conversando e o governo foi bem claro: se vocês não se legalizarem não vai ter conversa, não vai ter diminuição de imposto, vocês precisam ser vistos como pessoas sérias. Aí a gente propôs para eles um sistema em que o produtor que faz até 100 mil litros de cerveja vai ter um selo na garrafa, igual tem a cachaça e o vinho. Até 100 mil litros, que é a grande maioria do mercado. E os maiores vão ter o SICOBE.

Cilmara – Essa é a pergunta que eu ia fazer para você na seqüência. O mercado de artesanal está crescendo em todo o mundo. Agora, eu sei também que em vários lugares, sei mais dos Estados Unidos, existe uma isenção de impostos fantástica até o primeiro milhão de litros.

Marcelo – Lá é muito mais do que isso. O primeiro milhão de litros foi o que a gente conseguiu aqui. O primeiro milhão tem 10% de abatimento, o que ainda é pouco. Lá eles têm proteção até 3% do mercado e ninguém ainda chegou em 3%. A Samuel Adams, que é a maior micro cervejaria americana, tem 2 virgula alguma coisa do mercado. E é a maior cervejaria puramente americana. Isso é para mostrar que todos os governos estão preocupados com esse fenômeno da concentração do mercado cervejeiro. Por quê? Eu não quero assim criticar só a desigualdade, eu não sou contra a desigualdade desde que ela sirva a um bem comum. Essa fala não é minha, é do Thomas Piketty, esse cara que escreveu aí o “Capital no século 21”. Tem que haver um espaço para a livre iniciativa. Porque senão é ruim para o agricultor que está lá embaixo, é ruim para a grande indústria também porque ela acaba sucumbindo diante do peso dela mesma. Ela acaba mal vista. Ela é culpada de todos os males do álcool, ela não pode produzir, por exemplo, todos esses bens culturais que as pequenas podem vir a criar. A cerveja tem que ser equiparada ou fazer um trabalho melhor do que o do vinho. Eu acho que o vinho é mais bem visto como produto. Nós, pequenos, temos que trabalhar também nessa parte de responsabilidade social e alçar bandeiras maiores, como mobilidade urbana e embates intelectuais maiores do que a grande indústria.

Cilmara – Você foi o primeiro presidente da ABRACERVA que, finalmente conseguiu se formar. Muito se lutou para que ela conseguisse existir até.
Marcelo – Isso
Cilmara – Vocês chegaram a Brasília e começaram a argumentar as leis que seriam aprovadas ou não. Eu queria que você contasse pra gente qual foi a vitória e qual foi a maior derrota da associação e qual a grande dificuldade que você vê na aprovação das idéias que a associação defende lá dentro do governo

Marcelo – A maior vitória foi, nessa legislação que esta para vir, ser reconhecido finalmente como um animal diferente. Não é possível que o governo não estivesse vendo que no Brasil tem um mercado só com quatro empresas. E as que fazem cerveja especial têm por volta de 1% deste mercado. Aí tem 300 empresas, 100% nacionais, sem motor de banco, que são iniciativa da classe media brasileira, que justamente é o pessoal que montou, ao longo dos últimos anos, e que quer ter acesso. Não quer só consumir, quer produzir também.

Cilmara – Empregam quantas pessoas, Marcelo, você tem essa noção?
Marcelo – Muito mais pessoas por hectolitro do que uma grande cervejaria. Eu não tenho essa noção exata.
Cilmara – Porque é menos automatizada?
Marcelo0 – Exatamente, eu posso falar por mim, eu emprego 70 famílias. Se for extrapolar a Colorado para as grandes, é muito, muito, muito mais. Vai alem da questão do imposto. Vai para a questão da livre escolha do consumidor, o consumidor tem direito de escolher o que quer beber. A classe média tem direito a querer ter a sua indústria. Por que o cara que tem seu dinheirinho pode abrir uma padaria, mas não pode abrir uma cervejaria? Porque há uma legislação que foi desenhada só pros grandes. São exatamente os mesmos ingredientes. Não tem lógica. E somos nós que podemos quebrar a hegemonia que existe no consumo do álcool se a gente trabalhar direito.

Cilmara – E qual foi a maior derrota?
Marcelo – A maior derrota é as pessoas que me perguntam qual é o maior concorrente da Colorado. É o mesmo, é o maior concorrente de todas as pequenas. É a concorrência da ignorância. É as pessoas acharem que a cerveja e uma coisa monolítica, que não tem nada por trás da cerveja, que só tem gente querendo ganhar dinheiro. Que a cerveja não tem história, que a cerveja é uma bebida amarela com um pouco de malte e só gente ambiciosa por detrás. Não, a cerveja tem muita riqueza por trás, a cerveja tem muita história. A cerveja não estaria do lado da humanidade há oito mil anos se não tivesse essa vantagem. Até às pessoas que têm uma objeção religiosa quanto ao consumo, eu queria lembrar a essas pessoas que o primeiro milagre que Jesus Cristo fez foi multiplicar a bebida alcoólica. É lógico que aqui a gente não está defendendo o excesso, existem as famílias que são destruídas pelo excesso de álcool… A gente está defendendo que a cerveja aproxima as pessoas. Mas isso acontece com todas as coisas, às vezes você dá um carro para uma pessoa e ela fica se sentindo a rainha do mundo e atropela outra. Então vamos proibir os carros? Vamos olhar as coisas sob a perspectiva apropriada.
Na Europa, vários mosteiros fazem cerveja e os monges bebem.

Cilmara – Tive o prazer de visitá-los com a Vange, foi ótimo. Inclusive os ciclistas bebem. Era muito engraçado, a gente na Bélgica, em um restaurante de mosteiro, de repente uma turma de ciclistas, todos paramentados, entram, tomam uma tacinha e continuam o passeio de domingo, a viagem que eles estavam fazendo…

Marcelo – A cerveja não iria estar com a gente há tanto tempo se não fizesse bem. Eu li um livro francês que um médico compara todas as causas possíveis de morte em gente que bebe e em gente que é abstêmia. E provava que os abstêmios morrem mais de causas diversas tudo, inclusive, infelicidade, tensão, stress, suicídio, que os que bebem moderadamente.

Cilmara – A Colorado vai crescer em 2015? Vai ter fábrica nova?
Marcelo – Vai ter fábrica nova. Crescer é importante, mas crescer sem perder a ternura. (risos)
Cilmara – vocês vão duplicar a produção? Quais são os números?
Marcelo – Olha eu não sei, porque a gente não tem motor de banco, não sou um grande financista. Vou crescer na medida em que a minha grana der. Eu agora tenho espaço, disso estou gostando muito. Vou ter meu poço de água próprio, estou muito contente com isso, lá em Ribeirão.

Cilmara – Isso é ótimo, porque é uma água boa também, né?
Marcelo – Vem do Aqüífero Guarani direto. Estou numa pegada ecológica também na fábrica. Enfim, estou muito animado porque fiquei muitos anos nesse lugar pequeno, batalhando, muita gente lançando coisa nova e a Colorado ali, grande no nome, mas pequenininha na fábrica e agora esse ano, puf, a gente vai ter espaço de novo!

Cilmara – Pra 2015 então continuam os quatro rótulos fixos, a Indica…
Marcelo – A Appia, a Demoiselle, a Cauim e a Vixnu que agora entrou também nas fixas. A gente vai fazer algumas colaborativas e tal. A Colorado não lança muitos rótulos. Ela tem uma coisa diferente, que ela acha que cada cerveja é como se fosse um filho. Isso é uma filosofia nossa, combinada com o Randy, desde o começo. Ele disse “cada cerveja tem que ter um nome e uma história” e a gente acredita nisso. A gente não lança muito, somos um clássico das cervejarias.
Cilmara (rindo) – São os Paralamas das artesanais…
Marcelo – Isso. A gente não lança muita coisa, mas tenta lançar coisas boas.

Cilmara – Para o ano virão algumas sazonais então. Não necessariamente as mesmas deste ano?
Marcelo – Está vindo a colaborativa que a gente fez com a Tupiniquim e a norueguesa Nogne Ø, que tá muito boa, uma Saison, a Ybá-Ia, com adição de uvaia. Com a St. Feuillien, lá da Bélgica, fizemos outra Saison, a Marguerite que, inclusive, homenageia a contribuição feminina para a história da cerveja. Isso tudo pra gente é um aprendizado porque a gente está querendo fazer a nossa própria Saison. Usamos esse conhecimento dos outros porque mais tarde a gente vai fazer a nossa. Talvez ela entre em linha, talvez ela seja uma sazonal como o próprio nome diz. O futuro vai dizer…

E aí continuamos nosso papo, mas adentramos outros assuntos que não têm nada a ver com a pauta desta entrevista. E, dessa maneira, pude conhecer mais demoradamente e entender porque Marcelo é um dos lideres do movimento da cerveja artesanal brasileira. Pude ver também como a experiência nos transforma em dinos, mas com inteligência e mobilidade a renovação está na virada da esquina. Longa vida a Colorado!

P.S.: No meio cervejeiro todos sabem que a Ambev está cercando as cervejarias de Ribeirão Preto. A gigante quer ter uma base nesta região que é rica em tradição e em fábricas importantes. O Lupulinas bebe e observa… ;)

 

Marcelo Carneiro & Colorado: um papo com o dono da cerveja do ursinho

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texto e edição: Cilmara Bedaque
fotos: Cilmara Bedaque e divulgação
transcrição: Luciana Moraes

Dia desses marquei um encontro com Marcelo Carneiro, dono da Cervejaria Colorado, para falarmos sobre ele, o começo da fábrica e os planos para 2015. O papo correu cariocamente amigável e solto como se nos conhecêssemos há muito tempo. Vamos saber um pouco da história de uma das maiores micro cervejarias do Brasil.

Marcelo – Eu queria comparar o que está acontecendo com a cerveja artesanal com o que aconteceu com a música, com o rock, há alguns anos atrás.
A música hoje em dia se financiou e virou um negócio. É uma coisa amorfa e não tem um espaço de contestação como tinha antigamente. Por outro lado, o mundo da cerveja artesanal está virando uma espécie de um rock engarrafado.

Cilmara – É engraçado você falar isso porque o Lupulinas era feito pela Vange e por mim e sempre nos atraiu, quando a gente começou a entrar nesse universo de cerveja artesanal, uma espécie de clima de ‘rock de garagem’ que a gente viveu nos anos 80. Sentimos de cara essa similaridade. Os “grandes”, os que continuaram alternativos…Tem um monte de coisas que a gente pode colocar como muito parecidas…

Marcelo – É verdade. É totalmente essa briga contra o mainstream, contra a mesmice. Com as vaciladas que os artistas também davam, antigamente.

Cilmara – Conta para o nosso leitor, que já deve reconhecer a Colorado nas prateleiras dos supermercados e dos armazéns especializados, como você teve a idéia de montar uma cervejaria e como foram os primeiros anos. A Colorado é de 1995, né?

Marcelo – Isso, 95. Vinte anos já! Eu nem sabia o que eu estava fazendo direito, na verdade. Quem botou a gente nessa onda foi o Cesáreo Melo Franco, esse meu amigo que fez a comparação há poucos dias no Facebook dos dois movimentos do rock e da cerveja e eu achei que era muito pertinente a história. Mas eu também não sabia que estava fazendo rock. Eu achei que estava fazendo uma coisa muito fácil, tomar cerveja… Fui para a Califórnia, eu me lembro da primeira Indian Pale Ale que eu tomei: a Blind Pig, Porco Cego. Achei o nome muito engraçado e essa cerveja até hoje existe. Fui lá e comecei em Ribeirão num modelo muito diferente do que estava sendo feito no Brasil. Na época, estavam abrindo várias cervejarias fazendo cerveja Pilsen, filtrada e não filtrada, ou cerveja Bock, não sei que e tal. Eu vim e trouxe todos aqueles sabores diferentes, influenciado pelo que estava acontecendo lá fora.

Cilmara – Na Califórnia principalmente.
Marcelo – Isso. Há 19 anos eu já tinha Indian Pale Ale, eu já tinha Red Ale, eu já tinha uma Stout, eu tinha uma California Steam… Eu tinha uns estilos totalmente esquisitos e usava às vezes uns lúpulos que hoje nem são tão esquisitos, mas na época eram desconhecidos por aqui. E Ribeirão Preto ainda era interior, sem informação, todo mundo achava aquilo muito esquisito, muito estranho. Tinha uma fábrica grande com uma tradição grande lá, que era a fabrica da Antártica, o orgulho municipal.

Cilmara – E você escolheu Ribeirão por quê?

Marcelo – Eu escolhi Ribeirão porque eu ia pra lá, meu pai tinha uma terrinha lá, eu passava minhas férias lá, eu gostava da vida do interior

Cilmara – Não foi nada que te levou da fama da cerveja lá, nada…

Marcelo – Eu era diferente, eu era um carioca lá, era novo, tinha vinte anos, nossa, eu agradava…

Cilmara – Carioca em Ribeirão (risos). No início a Colorado era uma empresa familiar também…

Marcelo – Totalmente, era eu e minhas irmãs

Cilmara – E aos poucos você se tornou o único dono…

Marcelo – Isso, porque eu vi que fiquei totalmente infectado com o vírus da cerveja, que não é a cerveja, é mais que a cerveja. É um produto muito forte a cerveja. Ela une os povos. Se você pensar que construíram as pirâmides pagando os funcionários com cerveja…

Cilmara – É uma das bebidas mais antigas da humanidade, está por trás de tudo.

Marcelo – Isso, ela é uma das mais antigas. Na guerra, nas revoluções, sempre tinha a ração de cerveja para os soldados.

Cilmara (se entusiasmando risos) – Na arte. O que seria do pintor sem cerveja!

Marcelo (rindo muito) – Tem pintores regados a cerveja! Tem Bruegel! A cerveja é uma coisa muito forte senão ela não estaria na história da humanidade há oito mil anos! E ela surgiu espontaneamente em vários lugares do mundo! E a gente tem uma pegada, só um olhar europeu, mas os índios faziam a sua cerveja, os chineses faziam cervejas, têm uma história só deles. Nós no Brasil temos uma história só nossa, os índios faziam cerveja de mandioca e, infelizmente, não deixaram vestígio escrito… Essas bebidas fermentadas estão junto da humanidade há muito tempo, alguma razão evolutiva tem para isso acontecer.

Cilmara – Quando você incorporou nos rótulos que estão agora no mercado os produtos nacionais, a mandioca, o mel, a rapadura, tudo que você usa nos seus rótulos fixos, você quis de certa maneira conseguir fazer uma cerveja brasileira?

Marcelo – Isso. Foi assim “bacana, até agora eu copiei, eu aprendi bastante, tal. Agora chega, vamos fazer o nosso.” Porque é a cara do Brasil, nós também somos um país de imigração, todos nós temos um pé na Europa, e a partir de certo momento, a gente decidiu ser brasileiro aqui. A Colorado decidiu “vamos fazer cerveja com o que a gente tem em volta”. Os EUA fizeram assim e a Europa fez assim também. Os belgas fazem cerveja com açúcar de beterraba porque lá tem beterraba, os alemães têm a lei de pureza porque lá tem muito malte e lúpulo. Os ingleses fazem a cerveja deles muito maltada porque o malte deles tem algumas características e a gente tem que fazer a nossa cerveja com a nossa cara. A partir deste momento, em cada produto que a gente faz, tem um produto brasileiro, uma matéria prima local.

Cilmara – Você falou em fazer uma cerveja com a nossa cara. A Colorado tem uma das maiores marcas do mercado. A programação visual é muito boa, aquele ursinho é um sucesso quando aparece nas feiras e festivais, todo mundo quer tirar uma foto com aquele ursinho, que é um ursão na verdade… Eu queria que você falasse um pouco disso, como foi o desenvolvimento da marca e os rótulos, quem fez etc.

Marcelo – Quem fez foi o Randy Mosher.
Cilmara – Que é um dos maiores designers de rotulo do mundo.
Marcelo – E que eu descobri por acaso na internet. Eu já tinha lido os livros dele e estava falando com ele na internet sem me tocar que ele era o Randy que eu lia. O que foi uma vergonha porque eu quis ensinar padre nosso ao vigário, tentando explicar o que era uma India Pale Ale para ele… Mas aí…
Cilmara – Você encomendou o desenvolvimento da marca?
Marcelo – Dos rótulos. Falei pra ele que tinha essa idéia de colocar as coisas brasileiras, ele me deu outras idéias. Ajudou no desenvolvimento da rapadura me perguntando: “por que você não usa aquele açúcar brasileiro?”

Cilmara – Aaaahhh, ele entrou até no desenvolvimento da cerveja?
Marcelo – Sim, foi fundamental. Ele falou “aquele açúcar brasileiro” e eu “pô, qual açúcar brasileiro?” “rap rap rap.. rapadura!” “rapadura, cara, porra, genial! é mesmo!” (risos) Hoje um dos orgulhos da Colorado é que a gente comprava rapadura de 30 em 30 kg e hoje compramos 1ton de rapadura da mesma família, do mercadão municipal. A gente não compra de uma grande indústria, a Colorado é super ligada nessas coisas. A Colorado ajuda também a sustentar um cinema, que é o Cineclube Cauim de Ribeirão Preto, um cinema de uma tela de 35m, que é um cinema que tem sessão de graça pra criança, quatro vezes por dia, pra rede municipal de escolas da região. Este é um lado desconhecido da Colorado, que a gente nem se jacta muito disso.

Cilmara – Mas faz parte dos mandamentos do que seria a cultura da cerveja artesanal, né? A valorização da cultura local, do produtor local, os princípios básicos mesmo desse movimento, porque é um movimento.

Marcelo – Exatamente. A gente faz parte desse movimento. O Cineclube Cauim já existia antes da gente. Deixar isso claro, o Cauim é uma organização que existe em Ribeirão Preto há 25 anos. Eles têm um bar na porta do cineclube, tem vários movimentos culturais que vão lá, do cinema brasileiro, geralmente tem várias estréias lá, e os diretores debatem com o público depois do filme assistido.

Cilmara – Vange e eu fomos à Dogfish Head, no estado americano de Delaware, e em volta, na cidade toda, eles promovem peça de teatro, cinema, feira, showzinho, gente famosa em um palquinho bem pequeninho dentro do bar. Um clima super maneiro assim, de cultura e produção local.

Marcelo – É por isso que a cerveja é o rock de hoje em dia, é por isso que tem que haver as novidades, a gente não pode deixar vulgarizar. A cerveja artesanal tem que ter essa função social.

Cilmara – Eu sei que a Colorado sempre apoiou as Acervas e os paneleiros. É essa idéia de apoio geral de toda a teoria que existe nesse movimento

Marcelo – Em novembro, durante o Mundial de La Bière, a gente tava lá no Rio, mas mandamos vários barris vazios pro evento que estava tendo na Bahia, dos cervejeiros caseiros, para serem cheios em outras cervejarias, para poder ter cerveja de micro no evento dos nanos. E agora a gente tá marcando no aniversário da Colorado fazer outro encontro de caseiros e micreiros cozinhando juntos.

Cilmara – Legal. Você falou que compra quantas toneladas de rapadura atualmente?
Marcelo – Uma tonelada.
Cilmara – Quantos litros você produz hoje e quais são os planos pra 2015 porque eu sei que tem planos de expansão da fábrica, aí na mesma pergunta, tudo junto, hoje a empresa não é mais familiar, você deu uma profissionalizada na empresa. Fala sobre tudo isso, Marcelo…

E Marcelo vai falar. No próximo post… Não perca.

(continua no próximo post)

 

Festival Brasileiro da Cerveja 2015

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Novidades e Lançamentos

texto de Cilmara Bedaque com colaboração de Luciana Moraes

Começa hoje, dia 11, e vai até dia 14 de março, em Blumenau, o Festival Brasileiro da Cerveja. Considerado o maior do país, ele reúne, na Vila Germânia, as maiores cervejarias do país além de produtores, jornalistas, especialistas e consumidores que podem beber mais de 600 rótulos. Paralelamente acontece o Concurso Brasileiro de Cerveja que elege as melhores entre seus estilos e o II Concurso Randy Mosher de Design de Rótulos, criado pela Colorado.

Muitos lançamentos estão programados para estes dias de muita festa e trabalho acompanhados de uma rica programação artística e cultural, palestras e ótima gastronomia.

Conheça então alguns dos lançamentos que serão feitos em Blumenau:

Bodebrown
Terceiro lançamento da linha Wood Aged Series, a edição limitada da Belgium Tripel Montfort foi envelhecida por 12 meses em barricas de carvalho norte-americano, anteriormente utilizadas em vinhos Merlot. São somente 3 mil garrafas, safradas, numeradas e com a assinatura dos irmãos Paulo e Samuca Cavalcanti.

A receita original, criada pela Bodebrown em homenagem ao cervejeiro belga Jacques Bourdouxhe, ao passar pelas barricas de carvalho, usadas em vinhos da Serra Gaúcha, ganha corpo e estrutura, ideais para a guarda longa, de até 10 anos. As garrafas já estão à venda no site da cervejaria.

Para o FBC, a Bodebrown vai levar 27 tipos de chopp diferentes, mas a Cupulate Porter é a novidade da Bodebrown, uma colaboração com a Amazon e a De Bora Bier.
No estilo Porter, a bebida escura recebe adição de Cupulate da Amazônia, espécie de chocolate feito com semente de cupuaçu, no lugar do tradicional cacau.

DUM Cervejaria
A DUM apresentará uma série especial da Petroleum, com maturação em barricas de Amburana, Castanheira do Pará e Carvalho Francês. A série será vendida em chope e num kit com quatro garrafas – uma da tradicional e três que repousaram em diferentes madeiras. Esta série é uma parceria com a cachaçaria Porto Morretes, sediada no litoral do Paraná.

Serão colocados à venda no Festival apenas 100 kits. Após o evento, outros 900 serão comercializados em todo o país, pela distribuidora Beer Maniacs.

A DUM também trará ao evento sua coleção de copos de cristal, feitos artesanalmente na Cristal Blumenau, com quadro modelos, um para cada cerveja – Grand Cru, Karel IV, Petroleum e Jan Kubis.

O merengue de Petroleum, um doce criado em dobradinha pela Gelataio, marca de gelatos italianos conhecida pelo namoro com o mundo cervejeiro, traz recheio de claras em neve batidas com Petroleum e cobertura de chocolate belga.

Para completar, haverá uma coleção de 5 camisetas, decoradas com artes que prestam homenagem às quatro cervejas de produção constante da cervejaria, bem como uma da marca com o mote que a DUM adotou: “Aqueles que tiverem paciência serão recompensados”

Das Bier
Para o Festival Brasileiro da Cerveja, a Das Bier levará um lote pasteurizado, com edição limitada da Stark Bier, cerveja premiada em 2014.

Way Beer
A Way Imperial Mangue Stout, com 84 IBU’s (Unidade de Amargor), 10,7% de teor alcoólico, 6 meses de maturação e muitos quilos de malte torrado em sua receita.

Tormenta
Será apresentada no Festival a Tormenta Wit Bear, uma witbier clássica com 15 IBU (Unidade de Amargor) e 5% de teor alcoólico, que leva na receita trigo não maltado, cascas de laranja frescas e coentro.

Bamberg
A cervejaria de Alexandre Bazzo, de Votorantim em São Paulo, vai apresentar a Weizenbock Helles, maturada por 5 anos em barris de vinho tinto.

Invicta
A novidade é a Transatlântica Sour. Ela tem 6% ABV e leva cajá-manga na receita.

Weird Barrel 
Os paulistas apresentarão a Weird Barrel Bad Luck, uma fruit beer com frutas vermelhas. Será a estréia da cervejaria no Festival.

Experimento Beer
Um lançamento que não estará no FBC, mas vale ser comentado é a Saison Umbu, resultado da associação da Experimento Beer com a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), através do estúdio DoDesign-s

A Saison Umbu tem 10% da fruta em sua composição e 6,2% de álcool. A acidez, doçura e perfume do umbu equilibram-se com os aromas e sabores frutados, cítricos e condimentados desta refrescante Saison – estilo de cerveja originado na Bélgica que, tradicionalmente, inclui em sua produção ingredientes como sementes, especiarias e frutas. Lançada no 7° Festival Regional do Umbu, em Uauá/ BA, dias 6 e 7 de março de 2015, a cerveja está disponível, por enquanto na Coopercuc.

Bohemia & Wäls: fusão entre as duas cervejarias gera polemica

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texto e fotos de Cilmara Bedaque

Quando Vange e eu resolvemos escrever sobre cervejas artesanais logo nos chamou a atenção a similaridade que existe entre este mundo e o rock dos anos 80 onde vivemos tão intensamente. A camaradagem entre os cervejeiros, a relação apaixonada dos ~fãs~ , enfim já escrevemos sobre isso. leia aqui. Um dos principais pontos de ruptura, na época, entre bandas e fãs era o contrato com a gravadora multinacional que impingia à banda o carimbo de ~vendida~

Pois bem. Mais uma vez esses mundos se aproximam quando é feito o anúncio que a gigante do mercado (Ambev) vira sócia da pequena talentosa e premiada (Wäls).

Parece que a Ambev andou aprendendo alguma coisa. Se em anteriores associações desfigurou as cervejarias compradas, neste novo negocio ela dá moral e uma espécie de autonomia para os irmãos José Felipe e Thiago Pedras Carneiro, mineiros donos da Wäls. Eles construíram uma das historias mais bem sucedidas do mundo cervejeiro artesanal brasileiro. Com investimento, trabalho e talento projetaram o nome do Brasil em inúmeros prêmios conquistados no exterior. Sua maior conquista foi o ouro e a prata na World Beer Cup e irão inaugurar em breve uma cervejaria em solo americano.

A Ambev, que está bem atenta ao movimento da cerveja artesanal aqui no Brasil, pegou sua marca Bohemia, profissionais jovens e entusiasmados e propôs “sociedade” a Cervejaria Wäls que também entusiasmou-se com a possibilidade de vender cerveja boa para um publico maior.

A parceria foi anunciada na fábrica da Wäls, na capital mineira, com muito entusiasmo e alegria, mas sem nenhum comentário em relação a números. Mesmo indagado sobre os termos da parceria, José Felipe deixou claro que não teremos acesso a estes números, mas também garantiu que o negócio da Wäls é cerveja e que os profissionais escalados pela Ambev para executarem esta parceria têm a mesma paixão.

Todos os rótulos produzidos pela Bohemia e pela Wäls continuam no mercado e, pra celebrar esta parceria, será lançada a Saison d’Alliance, uma saison com sálvia, gengibre e hortelã no Festival Brasileiro de Cerveja. A produção será apenas de dois mil litros, as garrafas serão de 375 ml e arrolhadas.

Mesmo antes do anúncio oficial, os comentários contra e a favor agitaram a internet e os papos entre os conhecedores e consumidores. Desde o “não bebo mais Wäls porque ela será feita de milho” até o “que maravilha! Viva o monopólio!” O Lupulinas acredita nas boas intenções dos donos da Wäls e no interesse financeiro da Ambev. Em um mercado como o americano este passo já está sendo dado. A compra ou a sociedade com artesanais para também faturar neste segmento.

Este caminho que a Ambev está seguindo foi inaugurado no mercado brasileiro pela Kirin que, recentemente, comprou a Baden Baden e a Eisenbahn sem interferir nas receitas do portifólio destas cervejarias.

Toda esta movimentação é um reconhecimento ao crescimento do mercado cervejeiro artesanal no Brasil e, se os negócios forem feitos com respeito e transparência ao consumidor, ganham eles, ganhamos nós e a boa cerveja chega democratizada a mais mesas brasileiras.

Façam Wäls e Bohemia o mundo cervejeiro artesanal no Brasil crescer sem perder a qualidade! Desejamos boa sorte e comentaremos, daqui há um tempo, quando ele puder ser analisado, o resultado desta parceria.

 

Brew Dogs, uma série na TV

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Em 2010, o dono da Dogfish Head Brewing conduzia uma série, exibida pelo Discovery, onde viajando pelo mundo ele pesquisava receitas e, muitas vezes, fazia cervejas em parceria com produtores locais, fossem no Peru, no Egito ou na Itália. Esta série, a Brew Masters de Sam Calagione, só teve uma temporada já que, conta-se, o Discovery foi pressionado por uma cervejaria da Grande Indústria que era patrocinadora do canal.

 Nestes três anos, o mercado cresceu muito em todo o mundo e, desde o ano passado, uma nova série caiu no gosto dos cervejeiros. É a Brew Dogs, exibida no canal Esquire Network e apresentada pelos donos da cervejaria BrewDog, os escoceses James Watt e Martin Dickie. Com uma linguagem dinâmica e cheia de rock and roll, eles viajam pelos Estados Unidos, visitando cervejarias e bares locais e apresentando as artesanais para iniciantes. O estilo radical é uma das marcas da BrewDog em suas receitas e rótulos.

O primeiro ano da série foi sucesso em todo o mundo, mesmo em lugares como o Brasil onde o Esquire não consta da grade. Afinal é só ir ao Google e descobrir onde baixar os arquivos e assistir confortavelmente quando você quiser. Tipo aqui

 O primeiro episódio da segunda temporada foi ao ar no 25 de junho passado e mostrou os caras na cervejaria Fullsteam (Carolina do Norte), bolando uma receita para produzir a cerveja mais calórica do mundo. Acabou saindo uma Imperial Stout com bacon e maple syrup /o\ o que comprova como os caras são determinados, sem limites e bem humorados quando tem uma missão a cumprir. Antecipamos que novos episódios serão exibidos com os Brew Dogs visitando as fábricas da NOLA Brewing, Lagunitas, Dogfish Head, Iron Hill Brewery, Ska Brewing, Golden Road Brewery e Revolution Brewing. Em Las Vegas, a cidade mais demente em relação à grana e status, eles prometem fazer a cerveja mais cara do mundo usando ouro, retirado de computadores velhos e eletrônicos que estavan na sucata. No meio destes desafios, eles vão mostrando os bares mais incríveis da região e despertam na audiência a vontade de experimentar e testar artesanais.

 Na série, além de aprender como se faz cerveja, você vai ver os dois malucos produzindo receitas em condições inusitadas como em um trem em movimento e testemunhar a primeira cerveja fabricada na forma de vapor, para ser bebida como nevoeiro. Além das maluquices, os dois desempenham uma função de sacerdotes punks andando pelas ruas e levando pessoas virgens, como eles chamam, para experimentar e converte-las ao gosto pelas artesanais. O bom humor é que faz o programa ser educativo sem ser pedante ou metido a hipster. Prestigiando a cerveja local, a auto-estima e as atividades culturais dos habitantes da cidade também são valorizadas.

 

Os Campeões do Mondial de la Bière 2014

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O Mondial de La Bière segue até domingo, dia de 23 de novembro, no Terreirão do Samba, na linda cidade do Rio de Janeiro. Mas os prêmios do júri foram distribuídos ontem com grande festa entre os participantes. Segue a lista abaixo.
PLATINA
Session Ipa Nema – 3cariocas (Rio)
Montfort Rye Ipa Draft – Bodebrown (Curitiba-PR)
OURO
Baden Baden Weiss – Baden Baden (Campos do Jordão-SP)
Eisenbahn Lust – Eisenbahn (Blumenau-SC)
Wäls Dubbel – Wäls (Belo Horizonte-MG)
Vertigem – Mistura Clássica (Volta Redonda-RJ)
Dama 2014 – Dama Bier (Piracicaba-SP)
Tupiniquim Grande Encontro – Tupiniquim (Porto Alegre-RS)
Baden Baden Chocolate – Baden Baden (Campos do Jordão-SP)
Beatus – Mistura Clássica (Volta Redonda-RJ)
Piná a Vivá – Bastards Brewery (Curitiba-PR)
Hoptoberfest Equinox – Bodebrown (Curitiba-PR)
Invicta Imperial Stout – Invicta (Ribeirão Preto-SP)
Saison de Caju – Tupiniquim (Porto Alegre-RS)u
Naught Grog – Weird Barrel Brewing (Ribeirão Preto-SP)
? – Cervejaria Penedon (Rio)

Além de verem seus esforços compensados, os premiados puderam ver que o júri não teve preconceitos. Ganharam os cervejeiros já estabelecidos e os novatos. Como prova desta minha afirmação, o prêmio máximo do MBeer Contest Brazil (nome da competição dentro do Mondial) foi dividido entre a Bodebrown, estrela que tem trilhares de prêmios, e a 3Cariocas que está lançando sua primeira cerveja neste mês!

O Lupulinas teve o prazer de conhecer os caras que são a 3Cariocas ontem, beber a Session IPA Nema premiada, elogiar muito e só depois ver que os caras viraram OS CARAS!
Parabéns a todos envolvidos!
Mesmo.

Nesta semana o Lupulinas ainda faz um post com o balanço do Mondial.
Podemos comemorar!