VAMULÁ BRASIL \o/ onde beber e torcer em SP

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Quando se fala em assistir jogos de futebol os torcedores se dividem em dois grupos: o compenetrado, que não quer ouvir nada que os distraia do caminho da bola e o zoneador que quer mais é gente falando e rindo e bebendo ao seu redor. Se o assunto é Copa do Mundo e o seu time for seu país aí a coisa assume proporções globais e essas características são multiplicadas em mil vezes.

Com a Copa do Mundo realizada aqui no Brasil esperam-se reações extremadas desses dois tipos de torcedores. Muita gente surtando solitariamente em seus apartamentos e muita zona pelos bares deste nosso Brasil.

Mas uma companhia a maioria destes dois tipos de torcedores não nega: a cerveja. Por isso, começando por São Paulo, onde será o jogo inaugural de Brasil e Croácia, nós vamos listar alguns bares que fazem promoções, instalam telões e garantem o serviço pra você ter o trabalho de tão somente torcer, comer e beber. Mas claro nosso assunto é cerveja artesanal. Então, beba menos e melhor \o/

CERVEJARIA NACIONAL
Quando o Brasil jogar o terceiro andar da CN ganhará um telão de 120 polegadas, além de três grandes televisões no segundo andar e uma no térreo. A promoção oferece as cinco cervejas fixas da casa, saquerinha de limão ou morango, fritas palito clássica, polenta e pipoca à vontade. Por este combo você paga R$95,00 com reserva antecipada ou R$120,00 na hora. A brincadeira começa 15 minutos antes do inicio do jogo e termina 15 minutos depois. Conforme o Brasil for avançando nas oitavas esta promoção continua com acréscimo no preço.
Mas o grande trunfo da CN é que no dia 12 de junho uma nova cerveja será lançada: a Umbabarauma, uma American Pale Ale criada pelo mestre cervejeiro Guilherme Hoffmann. Na final da Copa será a vez do lançamento da GoldMula, uma super IPA que estamos loucas para experimentar.
Além dos jogos da seleção, a CN estará aberta para todos os outros da Copa do Mundo. Por isso os novos horários de funcionamento são:
Segunda a quinta – meio-dia à meia-noite
Sexta e sábado – meio-dia à 01h30
Domingo – meio-dia às 20h00
Endereço: Av. Pedroso de Morais, 604, Pinheiros
Telefone: (11) 4305-9368 – para reservas: (11) 3034-4318
http://www.cervejarianacional.com.br/

ACONCHEGO CARIOCA SP
Vencedor do Concurso de Melhor Petisco da revista Prazeres da Mesa com a inigualável almofadinha de tapioca e camarão, criada por Kátia Barbosa, o Aconchego oferece um pacote que inclui uma camiseta, quatro cervejas artesanais e mais uma porção de bolinhos por R$72,00. As reservas devem ser feitas pelo e-mail edu@aconchegocarioca.com.br
Endereço: Alameda Jaú, 1.372 – Jardim Paulista
Telefone: (011) 3062-8262

TUBAÍNA BAR
O telão já está montado e esperando os torcedores uma hora antes que comecem os jogos do Brasil cobrando uma entrada de R$ 40,00 consumíveis. No cardápio todas as opções de bolinhos, lanches e pratos estarão disponíveis. Além das artesanais do cardápio, drinques especiais foram preparados para o evento, como a caipirinha Brasileirinha, de maracujá e kiwi. Quando o Brasil não jogar, o Tubaína abrirá às 16 horas com transmissão dos jogos das 17 e 19 horas no telão. Sexta e sábado será cobrada uma entrada de R$25,00 consumíveis.
Endereço: Rua Haddock Lobo, 74, entre as ruas Matias Aires e a Fernando de Albuquerque.
Telefone: (11) 3129-4930
http://www.tubainabar.com.br/

DE BRUER
Aqui todos os jogos que começarem após as 15 horas poderão ser assistidos no bar. Como o Brasil pode ser hexa, o De Bruer preparou seis tipos de costelinha homenageando três seleções européias e três americanas. Você poderá escolher entre a Brazuka (Brasil); Gringa (Eua); Hermana (Argentina); Fritz (Alemanha); Galega (Espanha) e Azzurra (Itália), todas com o preço de R$33,00. Cinco torneiras de chopp oferecerão Bamberg Pilsen R$6,00; Bamberg Weizen R$8,00; Dama IPA R$8,00; Schornstein IPA R$9,50; Schornstein Bock R$9,50. A promoção é: qualquer costela da Copa mais um litro de chope Dama ou Shornstein por R$40,00.
Endereço: Rua Girassol, 825
Telefone: 3812-7031
http://debruer.com.br/

BIER BAR
O grande atrativo é o estoque de cervejas artesanais com mais de 150 rótulos de todo o mundo em sua geladeira.  Vai rolar também um cardápio especial com petiscos típicos da Croácia, do México e do Camarões, países que enfrentarão o Brasil na primeira fase da competição. Depois de cada jogo uma banda com música ao vivo.
Endereço: Rua Tuim, 253 – Moema
Telelefone: (11) 5051-6695.
www.bierbar.com.br

A BOA CERVEJA
Aqui os clientes poderão comprar um cartão com oito chopes artesanais da Boa Cerveja e uma porção de petiscos por R$ 100,00. O torcedor poderá escolher bolinhos gregos, polenta, varenikes e salsichões alemães. Para dar uma tumultuada alegre, o bar vai fazer sorteios de brindes como copos, cervejas, kits e outras lembranças. Quem acertar o placar final de cada jogo ganha uma edição especial para a Copa de uma Paulaner ou Faxe.
Endereço: Rua Capitães Mores, 414 – Mooca

Obviamente esta não é uma lista definitiva e, se você for dono ou freqüentador de algum bar que não está neste post, mande seu recado nos comentários ou mande e-mail ( lupulinas@lupulinas.com.br  ) para ampliarmos cada vez mais nossas opções.

Agora é torcer e vencer! Vamulá, Brasil \o/

PS – a ilustração deste post é da promoção da Cervejaria Nacional

Buller Brewing Pub: a melhor “cerveza tirada” de Buenos Aires

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Buenos Aires é generosa em seus bares. A personalidade de cada um deles está clara em sua decoração, luz, som ambiente e todas as características que dão originalidade a um bom bar. Mas nosso assunto são as cervejas artesanais e então, além da personalidade do boteco, nos interessa seu cardápio e filosofia de seus donos e/ou garçons.

Com esta disposição fomos visitar o Buller que se vangloria de ser “el primero brew pub de Buenos Aires”. Escolhemos o que fica na Recoleta por ser uma região bem turística para observarmos como a artesanal é percebida pelos locais e visitantes e também por ser o local onde as cervejas são fabricadas. Nossa curiosidade era grande porque o Buller existe desde 1999 e é um clássico entre os artesanais.

Sentamos na parte de fora pra observar a turistada e aproveitar o solzinho gostoso de fim de tarde. Como um brew pub de categoria o cardápio de comidas era muito bom dando a possibilidade de comer pratos, petiscos, sanduíches e pizzas feitas num belo forno de barro. Com fome, Cilmara pediu um Ojo de Bife Grillado e Vange um Pollo Lemon Grill. Os dois com seus devidos acompanhamentos e muito, mas muito saborosos. Pra acompanhar uma IPA pra fazer juz a nosso nome ;)

Que delícia! A IPA do Buller tem 6.0% de álcool e 43 IBU. Um amargor proeminente, mais cítrico e floral, mistura-se a um malte sensacional que dá equilíbrio perfeito à cerveja. Podemos dizer que foi uma das melhores IPAs experimentadas em Buenos Aires. Fresquíssima, da torneira ou “tirada” como os ‘arrentinos’ falam, ela tem gosto de quero mais.

O dia escurecendo resolvemos entrar pra conhecer o bar e admirar os tanques e toda a parafernália que envolve a fabricação de uma cerveja. No site do Buller um filminho bem simples explica este processo. Dê uma olhada http://bullerpub.com/made-in-our-own-pub Escolhemos o salão de mesas baixas que fica depois do salão de mesas altas e sofás. Ambiente ótimo, entendemos a Buller como uma família de amigos. Garçons simpáticos e prestativos cantavam parabéns a você para um deles que fazia aniversário.

Pedimos o sample dos seis tipos de cervejas produzidas que vieram em copos de 100ml perfeitos para a degustação. Além desses tipos eles fabricam sazonais. Começamos pela Pilsen que nos pareceu correta, gostosa e equilibrada, com cheirinho de cerveja tcheca indicando o uso de lúpulos nobres, com 4.8% de álcool e 16 IBU. Prosseguimos com a Hefeweizen  de 5.0% de álcool e 13 IBU, uma típica alemã com trigo, aroma de banana e ótima refrescância e acidez. Emendamos com uma Honey, estilo preferido por muitos, mas que não nos agrada muito. Com 8.5% de álcool e 16 IBU, ela se mostrou equilibrada e, apesar do teor alcoólico, não arde na garganta e nem é enjoativa, graças a sua acidez. O mel usado é também feito com métodos artesanais.

A próxima da seqüência é a Oktober Fest com 5.5 % de álcool e 18 IBU, leva malte de Viena e Munique numa receita tradicional da Baviera. Uma cerveja com alta dose de bebabilidade ;) Pulamos a IPA que já tínhamos bebido (e voltaríamos a beber) e fomos pra Dry Stout. Que beleza de cerveza!!!! Com 5.8% de graduação alcoólica e 39 IBU, usa seis maltes diferentes em sua receita e é um cafezão! Amarga, equilibrada, é nitrogenada para oferecer uma espuma bem cremosa. A pérola negra do bar. Para completar recebemos um sample de cortesia da Brow Ale uma sazonal com 5.0% de álcool e 21 IBU e um azedinho de chocolate bem gostoso. Outra Buller com muita bebabilidade…

Já à vontade, fizemos algumas perguntas ao gerente que tinha nos recebido muito bem e, para respondê-las o dono do Buller, Agustin Abbruzzi, veio à nossa mesa. Jovem, com todos os fundamentos das artesanais, ficamos conversando um bom tempo. Entre brincadeiras e informações soubemos que os mestres cervejeiros Ricardo Muhape e Sebastião Carrillo estão no Buller desde o começo. Com certeza, a constância e regularidade das receitas fortalece a fama do brew pub onde são produzidos 9000 litros ao mês.

Enfim, a cozinha fortalece o bar. O cheiro gostoso de comida sendo feita na hora só aquece o coração. Um dia voltaremos pra comer a Torre Big Buller, uma plataforma de três andares de petiscos que você chora e ri só de olhar. No cardápio, ela é descrita como “una maravillosa arquitectura gastronomica con un poquito de todo, onde comen 3 e 4 pican” (petiscam). Para o portunhol praticado com gosto pela Cilmara, una perfercion! jajaajaja

Ah! Entre as 18 e 20 horas rola uma Fanatic Time onde as cervejas ficam mais baratas.

todas as fotos de Cilmara Bedaque

Buller Pub & Brewery
http://www.bullerpub.com
Pres. Roberto M. Ortiz 1827
(atrás do cemitério no calçadão)
Buenos Aires, Argentina
tel.: (0)11 4313-0287

Seg–Sex desde o meio dia
Sáb desde 21hs

free WiFi excelente

Diário de Bordo – Festival da Cerveja parte 1

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bodebrown stande

O Festival da Cerveja, em Blumenau, começou para nós na noite anterior com o lançamento da incrível Frosty Bison, a primeira American IPA da cervejaria local Eisenbahn. O novo rótulo é uma receita ganhadora do 4º Concurso de Mestre Cervejeiro, realizado anualmente pela cervejaria que, desta maneira, apresenta novos e promissores profissionais ao mercado.

A Frosty Bison foi criada pelo cervejeiro Fabert Araújo, presente ao evento, um cara simpático que costumava fazer suas receitas em casa..

Para acompanhar a nova American IPA a Eisenbahn lançou um copo especial, semelhante ao ~copo mágico~ da Dogfish Head porém um pouco menor. O copo ressalta as qualidades das IPAs e esta deve ter sido a razão para seguir os passos da cervejaria americana. Infelizmente os copos não estarão à venda. Mas atendendo a pedidos dos consumidores, a Eisenbahn resolveu envasar sua Frosty Bison em garrafas de 500ml: mais sabor em maior quantidade. Elas chegarão ao mercado ao preço de 16 dilmas.

O aroma dos lúpulos americanos da Frosty logo aparece. A espuma da cerveja é boa, consistente, o sabor é amargo-cítrico e corpo, leve e sem arestas. Mais uma ótima IPA artesanal brasileira para festejarmos.

Ah, e vale destacar o bar-fábrica da Eisenbahn. Comprada pela Kirin Brasil, a cervejaria mantém a filosofia das artesanais. Do bar, através de um vidro, podemos acompanhar todo o processo de feitura de suas cervejas. Se for a Blumenau, não deixe de visitá-la. Imperdível.

No dia seguinte fomos convidadas para o almoço no The Basement Pub que apresentou seu novo cardápio de burgers e hot-dogs. O bar pertence aos ex-proprietários da Eisenbahn, que agora se dedicam a produzir os tradicionais queijos fundidos de Pomerode. Deliciosos, aliás. Adoramos os hambúrgers, os queijos e as artesanais que os acompanharam. Outro pico para explorar em Blumenau.

O Primeiro dia do Festival

As Premiadas

Às 21 hs, muita alegria e comemoração com a premiação das 23 cervejas que receberam medalhas de ouro. Elas passaram de 80 pontos na avaliação geral e foram coroadas como melhores do Brasil nos seus estilos. A Stout Açaí, da Amazon Beer, recebeu 91 pontos entre os 100 possíveis e foi eleita a melhor cerveja do país.

Outro resultado muito comemorado foi o bicampeonato da Bodebrown, de Curitiba, que foi eleita de novo a melhor cervejaria do país. Foram 10 medalhas:  uma de ouro, seis de prata e três de bronze. Em segundo lugar ficou a Brasil Kirin com os premios da Eisenbahn e Baden Baden. E em terceiro a Gauden Bier, com os rótulos da Dum, Morada Etílica, Pagan e seus proprios de fábrica.

A cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto (SP), foi a que mais acumulou medalhas de ouro. Foram três: Colorado Ithaca, Colorado Vixnu e Colorado Ithaca Oak Aged.

Os lançamentos

A Baden  Baden, de Campos do Jordão, lançou uma levíssima Witbier. Com toques de coentro e aroma de laranja, estilo belga, esta Witbier é bem refrescante.

A cervejaria Wäls, de Belo Horizonte, preparou uma cerveja para nossa temperatura tropical: a Session Citra com um rótulo bem esperto.

A Schornstein, de Pomerode, apresentou a Blanche de Maison, uma Witbier clássica com coentro, laranja, tangerina e limão siciliano. De cara, arrebatou a medalha de prata de seu genero. Aliás, a Schorstein ganhou ouro com a sua magnifica IPA, já no mercado.

A Morada Cia Etílica, de Curitiba, mostrou a Hop Arábica, unindo o melhor da cerveja e do café.

A Dama Bier, de Piracicaba apresentou a Imperial Coffee IPA, com 9% ABV e adição de café de São Paulo.

A Way Beer, de Curitiba, levou a linha Sour me Not, composta inicialmente por três cervejas com frutas (morango, acerola e graviola).

A Baldhead, de Porto Alegre, fez sucesso com a Kojak IPA.

A Bamberg, de Votorantim, levou barris de  Franconian Raphsody, uma gostosa helles defumada.

A gaúcha Seasons agraciou os amantes de lúpulo com a XXXPA servida em chope. Nosso olhar também foi atraído pelas descoladas camisetas da cervejaria que – parabéns, Leo! – levou ouro pela Cirillo, prata pela Pacific e bronze pela Holy Cow.

Outro estande que nos chamou a atenção foi o da Lake Side, cervejaria que trabalha sem glúten e faz diversos tipos de cerveja. De cara levou o Ouro pela Crazy Rye. Em breve faremos um post só sobre esta cervejaria corajosa e criativa.

A campeã Bodebrown, de Curitiba, lançou um vídeo mostrando tudo o que vai levar para o festival. São 2 mil litros de cerveja em 18 rótulos, sendo que 5 deles envelhecidos em barris por até 18 meses. Assista ao vídeo:

 Destaques

Mais uma delícia que degustamos: a Coruja Labareda, que o talentoso Rafael Rodrigues nos apresentou com sua simpatia característica. Uma cerveja com pimenta, complexa, que traz alegrias aos sentidos e pede outro gole na sequência.

A alegria de beber mais uma vez a maravilhosa Funk IPA, da Cervejaria 2Cabeças, só não é maior que a de encontrar Maira Kimura e Bernardo Couto. Alias, parabéns pelas Medalhas de Bronze recebidas pela  Hi5 e a propria Funk IPA

Uma delícia também os sorvetes, feitos com cerveja é lógico!, da Gelataio de Curitiba.

Enfim, são muitos rótulos diferentes e nunca conseguiriamos provar todos apenas numa noite. O festival prossegue até dia 15 e no próximo post comentaremos sobre seu desfecho e as eleições para a Associação Brasileira das Microcervejarias.

Festival Brasileiro da Cerveja
Data/horário: 12 a 15 de março de 2014 (de 12 a 14 a partir das 19h e no dia 15 a partir das 15h)
Local: Parque Vila Germânica, em Blumenau (SC)
Mais informações: www.festivaldacerveja.com

Os Novos Cervejeiros de Júpiter

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david na chopeira (divulgação)

No mundo da cerveja artesanal a maioria das empresas começa de maneira orgânica. Ou é um grupo de amigos que já aloprou testando formulas e formulas ou é uma família, normalmente dois ou três irmãos que, da brincadeira, passam para a coisa séria. Essa característica faz parte, principalmente, de uma nova geração de cervejeiros que sublocam espaços em fábricas já estabelecidas.

A Cervejaria Júpiter nasceu na casa dos Michelson depois de muita zona com panelas e lúpulos e maltes que David, o primogênito, fazia. Pouco a pouco, primeiro como pilotos de teste e depois com funções estabelecidas, Rafael e Alexandre foram mordidos pelo gosto e prazer de fazer cerveja artesanal.

Sua primeira criação foi lançada em julho de 2013 e logo conquistou os especialistas. Usando a fábrica da Dortmund, em Serra Negra, a Júpiter APA – American Pale Ale – mostrou personalidade não só no conteúdo da garrafa como também em seu rótulo. Obra também de David Michelson que resolveu abrir a Júpiter depois que foi demitido da revista Época, onde era editor de multimídia, num dos passaralhos que rolaram na grande imprensa. Ganhamos nós porque o cuidado gráfico da Júpiter faz com que a marca salte aos nossos olhos.

A Júpiter APA usa lúpulos americanos e passa pelo processo de dry hopping*  Ela não é filtrada e nem pasteurizada, no copo fica entre dourada e alaranjada e tem um aroma inconfundível, entre as nacionais. O toque cítrico do lúpulo usado nos faz pensar em maracujá, mas tudo é bem suave e equilibrado.  ABV 5,4 IBU 37

O segundo rótulo, Júpiter IPA – India Pale Ale – usa a técnica que a Dogfish Head criou e aprimorou. Chama-se lupulagem contínua e David explica o que é isso na entrevista abaixo. O toque refrescante comparece com aroma de limão e abacaxi e um final seco sempre pede outro gole. O rótulo é do mestre Ciro Bicudo e, além de bonito, traz informações preciosas para o consumidor. ABV 6,5 IBU 70

Lupulinas: Vocês são três irmãos tocando a Júpiter, certo? E chamaram o Vitor Marinho pra ser mestre cervejeiro?
David: Pra ser rigoroso, o Vítor não é exatamente um mestre cervejeiro, porque teria que ter cursos como especialista. Mas ele é uma grande promessa, um grande talento. É uma questão de tempo e mais anos de bagagem.

Lupulinas:  Logo no começo vocês já sentiram necessidade de engarrafar a cerveja? Digo isso porque é normal nos Estados Unidos, os artesanais ficarem anos só no barril.
David: Aqui a cervejaria tem que ter linha de envase porque a cultura de chopp no Brasil é muito incipiente. Por exemplo, na Irlanda, tipo 75% da cerveja É consumida em barril. No Brasil, eu precisaria ver o número certo, mas acho que é tipo menos de 5%.

Lupulinas: Vocês acham que é pela cultura ou também por causa do transporte e da logística?
David: É cultural. Primeiro que, por exemplo, pro sujeito servir chopp num bar precisa ter toda uma infraestrutura para os barris. A gente tem uma cultura de boteco, uma portinha só, e geralmente não tem espaço pra essa infra. Outra coisa é que a manutenção de chopeiras exige conhecimento e treinamento e as cervejarias pequenas não têm condições de bancar essa estrutura nos bares.

Lupulinas: E como foi a decisão de passar de uma produção caseira para uma cervejaria de fato, que envasa e vende suas cervejas?
David: Eu trabalhava na Época e, num ano fui eleito funcionário exemplar em 2010 e, no ano seguinte, durante um passaralho, fui demitido. A gente já fazia cerveja em casa, curtia muito fazer, fazia vários lotes e convidava uma galera pra experimentar e palpitar. Depois que eu fui demitido, em novembro de 2011, fiquei dois meses sem nenhum frila e, pra não pirar, resolvi ocupar todo o meu tempo fazendo cerveja: um dia eu brassava, no outro dia eu remendava equipamento, no outro eu desenhava o rótulo, no outro eu lavava garrafa, e tudo feito no panelão, em casa. Aí comecei a ler um monte de livro sobre produção, história das cervejarias, comecei a fazer as contas, ter umas idéias, chamei meus irmãos e disse: “acho que dá”. Depois, me inscrevi no curso do Senai (cervejeiro) em Vassouras, fiz um intensivão de um mês lá. Daí, quando cheguei, comecei a encher o saco do Vítor (que trabalhava na Cervejaria Nacional e hoje está na Dortmund) pra colaborar com a gente como consultor, pra fazer pequenos acertos nas receitas.

Lupulinas: Como está a produção de vocês?
David: A gente produz 1800 litros de APA por mês, desde que começamos, e continuamos assim. A IPA a gente produz um lote de 3000 litros de cada vez, mas não conseguimos ainda produzi-la com regularidade por questões técnicas e fabris (por isso ela some de vez em quando do mercado). Mas nós estamos aumentando os pontos de venda (cheque a página do site). A gente queria entrar no mercado com um preço super competitivo, com a garrafa custando 10 reais nos pontos de venda, mas a gente não conseguiu. E nós mesmos que distribuímos (por enquanto).

Lupulinas: Vocês produzem a APA na Cervejaria Dortmund, né?
David: Sim Elas saem da câmara refrigerada da Dortmund e um caminhão com isolamento térmico traz o lote para o nosso estoque refrigerado (e compartilhado com outras cervejarias), que fica em Itapevi. Agora a gente quer fazer um acordo com alguma distribuidora e ampliar nossos pontos de venda porque a gente só tem essa Kangoo com compartimento refrigerado pra dar conta da distribuição.

Lupulinas: As cervejas da Ambev não são transportadas por caminhões refrigerados, né?
David: Não. E nem são todas as importadoras que trabalham com carga refrigerada.

Lupulinas: E por que o transporte refrigerado é tão importante? Por causa do Lúpulo?
David: Sim, especialmente por causa do lúpulo. A cerveja que é transportada fresca não perde o sabor nem o aroma dos lúpulos.

Lupulinas: Vocês se inspiraram na Dogfish Head para fazer uma cerveja com lupulagem contínua?
David: Totalmente. Era uma brincadeira que a gente fazia nos lotes feitos em casa. A gente ficava lá que nem maluco, colocando um tiquinho de lúpulo a cada minuto da fervura. Quando passamos a produzir em cervejarias, continuamos com a lupulagem contínua, numa escala maior. Aliás, o Sam Calagione (cervejeiro da Dogfish) elaborou esse conceito da lupulagem contínua assistindo a um programa de culinária na TV. O apresentador dizia que, em vez de colocar os temperos todos na panela de uma vez, o lance era ir temperando a comida aos poucos, durante todo o processo, para extrair uma gama maior de sabores e aromas. A cerveja tem muito disso também: se vc coloca o lúpulo faltando uma hora pro fim da fervura, vc extrai amargor; a 20 min do final, vc extrai sabor; se vc adiciona o lúpulo no finzinho da fervura, vc extrai dele o aroma. Assim, o que o Calagione fez com a lupulagem contínua foi extrair todo tipo de sabores e nuances do lúpulo. A gente também faz hop tea que é um outro tipo de dry hopping. Na parte da maturação, fase em que normalmente se faz dry hopping, a gente faz tipo um chá de lúpulo a 60/70 graus para adicionar à cerveja.

Lupulinas: Quais são os planos para 2014? Vão fazer novos lançamentos?
David: Pro primeiro semestre, temos uma meia dúzia de lançamentos. Duas cervejas sazonais serão feitas em parceria com a Cervejaria Nacional, pra vender na torneira deles. Vamos lançar também uma witbier com tangerina pra talvez lançar no Festival de Blumenau. Vamos lançar tb duas cervejas com pimenta (uma com habanero e outra com chiplote) em parceria com a De Cabrón. Na última semana de março sai nossa session IPA, só nossa, sem parceria e será cerveja de linha como a APA e a IPA. Em julho, no aniversário de um ano, queremos lançar uma stout mais tradicional.

*dry hopping é a colocação de lúpulo durante a fermentação, maturação ou até mesmo no barril da cerveja. O lúpulo prensado é colocado dentro de uma bolsinha com tecido bem fino para que depois seja fácil de retirar. Quantidade e duração variam de acordo com a receita.

La Trappe: um piquenique no monastério

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Fundado em 1884 em Tilburg, Holanda, o mosteiro Onze Lieve Vrouw van Koningshoeven fabrica a deliciosa La Trappe. Certificada com o selo trapista, a La Trappe é bastante acessível para quem quer provar na bica as receitas dos monges locais. Eles ressuscitaram a terra exausta de uma quinta do rei, que não proporcionava mais os bons frutos de outrora, e tornaram o local uma fonte de boas cervejas. Desde então a deliciosa La Trappe é servida ali e vendida ao mundo em garrafas com ingredientes puros e naturais: lúpulo, cevada, fermento e água da fonte de Koningshoeven (em holandês, “fazenda do rei”).

Por coincidência, visitamos a La Trappe num feriado – Dia da Rainha – e a cidade toda estava em festa. O sol deu as caras e a galera decidiu ir pra rua. Numa parte da cidade a rave comia solta, mas no biergarten da La Trappe a vida parecia um piquenique. Logo no estacionamento (não asfaltado) enxergamos quintilhões de bicicletas estacionadas, não apenas porque a cidade é plana e, como todas da Holanda, bicicleteira, mas porque ao lado do mosteiro há vastas áreas verdes de parques e trilhas para ciclistas. Deu até vergonha estacionar nosso automóvel alugado ali, mas enfim, estávamos numa longa viagem pelos monastérios que produzem cerveja trapista.

No jardim e na brasserie, que ficam ao lado do mosteiro, várias mesas coletivas recebem famílias, grupos de amigos, casais, ciclistas, gente comum e incomum, convivendo de boa. Um enorme gramado serve para estender toalhas ao estilo piquenique e as crianças brincam enquanto os adultos bebem. O clima geral é de risos, conversas animadas e confraternização. Não há garçons coletando pedidos. Quer beber? Adentre o salão das bicas, peça seus chopes e leve-os para mesa. Se quiser comer algo, peça ali mesmo no balcão e você receberá uma senha (na verdade um número estampado numa garrafa de madeira) e o prato chegará a você – para isso servem os garçons ali (e para recolher os copos e mais copos).

Mas vamos falar do que importa: as cervejas!

PUUR – refrescante e orgânica, ligeiramente frutada sem ser doce, perfumada, não filtrada,  ótima espuma que se agarra ao copo, levíssima e lupulada. Limpa a boca. Teor alcoólico de 4,7%.
TRIPPEL – com aroma de amêndoas e caramelo, parece ser mais leve que qualquer outra trippel trapista porque em sua receita são usados coentro e outras ervas. Seca com teor alcoólico de 8% é dourada e com grande permanência na boca.
ISIDOR – assim chamada em homenagem ao monge Isidorus, primeiro fabricante de cerveja da abadia, marcou os 125 anos da cervejaria em 2009. Agradou tanto que passou para a lista de tipos sempre oferecidos. Com 7,5% de teor alcoólico é uma ale âmbar, levemente adocicada com um toque de caramelo, que continua a fermentar após o engarrafamento e tem um sabor rico, ligeiramente amargo, embora frutado.
BOCK – ficou perfeita com o frango em molho de amendoim que a Vange pediu. É sazonal e única bock trapista feita no mundo. Tem uma cor vermelho escuro, um sabor intensamente rico e um aroma maltado. Variedades de lúpulo aromáticas e tipos de malte queimado tornam sua amargura delicada que combina surpreendentemente bem com o seu tom ligeiramente doce. Tem 7% de teor alcoólico.
DUBBEL – ficou maravilhosa com o burger da Cilmara. É marrom escura e com espuma bege. O uso de malte caramelo proporciona um toque aromático suave. É suave sem perder o corpo e intenso sabor. Tem 7% de teor alcoólico.
BLOND – Dourada cintilante, nem parece estar ainda fermentando na garrafa como todas La Trappe. Uma cerveja quase perfeita ao unir a complexidade de seu aroma e gosto à simplicidade de sua receita. Bons ingredientes e pronto. Amargor suave e 6,5% de teor alcoólico.

Infelizmente não bebemos lá a Witte de trigo e nem a envelhecida em barril de carvalho. O monastério também oferece tours para quem estiver interessado no processo de feitura da cerveja. Tem duração de 45 minutos, com degustação de algumas destas maravilhas ao final.

Turismo

Como estávamos circulando os países baixos de automóvel, nos hospedamos em Tilburg mesmo, num motel perto do mosteiro. Mas se você quiser estabelecer base numa cidade um pouco maior e com atrações turísticas escolha Rotterdam. De lá a Tilburg, onde fica a La Trappe, são apenas 50 minutos de trem – praticamente um pulo para quem freqüenta o trânsito brasileiro.

Rotterdam é bruta e linda. Uma das maiores cidades portuárias da Europa, ela foi massivamente bombardeada durante a Segunda Guerra. O esforço de reconstrução envolveu experimentos arquitetônicos e muitos prédios ali são bem malucos. A visita ao Kinderdijk, um canal com antigos moinhos, é obrigatória. A vista panorâmica da cidade e do porto, do alto da torre Euromaster, dentro de uma cabine que nos virava para todos os lados da cidade é incrível. Depois beber uma cervejinha, enquanto o sol se põe, completa o programa.

Ah, você ainda pode ter a er… sorte que tivemos e ver um povo praticando rappel na torre. Vistos de baixo eles pareciam bonecos pendurados na torre por alguma ação de marketing. Lá em cima, já no bar da Euromaster, vimos quando eles adentraram o ambiente pela janela. Em carne e osso. Cada um com seu esporte ;)

2cabeças: a cervejaria louca por lúpulo

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Trocamos a marca por mais lúpulo.

Com esta frase a 2cabeças começou um lance original no mundo cervejeiro artesanal do Brasil. Devemos confessar: a palavra lúpulo nos é muito cara ;) e fomos ver o que está acontecendo naquelas cabeças.

A cervejaria já havia antecipado a surpresa no seu site , mas foi no Mondial de La Bière, no Rio de Janeiro, que o estande e as novas idéias chamaram a atenção da galera. Vale lembrar que originalidade é marca da 2cabeças: sua primeira cerveja produzida foi uma black IPA e não a costumeira blonde que todo micro cervejeiro faz para agradar ao mercado.

Outro aspecto inusitado é que a 2cabeças não tem fábrica própria e sempre faz sua produção – depois de inventada nos “laboratórios” da empresa – em parceria com outra cervejaria amiga. Com a Brewpub Penedon lançou no Mondial a sazonal X-Imperial Lager. Antes já havia feito a Saison à Trois com a cervejaria Invicta. No Mondial foi apresentada também a X-SessionIPA – que entra em produção contínua - com 4,7% de álcool, como as cervejas industrializadas, mas com 45 IBU (unidade de amargor) trazendo a potência de uma American IPA, deixando-a ainda mais refrescante e aromática, ideal para o clima em nosso país.

Fizemos uma entrevista com a 2cabeças para saber mais de sua história e seus planos. Um prazer termos no mercado gente que ousa, faz de seu sério trabalho uma provocação e se diverte com isso \o/

 

Lupulinas – A 2cabeças marcou sua história pela ousadia e quebra de paradigmas que cercam o mundo cervejeiro artesanal. Conte um pouquinho sobre o inicio da empresa e a função de cada um da diretoria da 2cabeças.

2cabeças – A 2cabeças surgiu com dois cervejeiros caseiros, Bernardo Couto e Salo Maldonado, e no início de 2012 lançamos o primeiro lote de Hi5 no mercado. O sucesso foi grande, e aí começamos a nos estruturar melhor. Depois de algum tempo, conseguimos estabilizar a produção, lançar a Hi5 e a Maracujipa em garrafas. Mas nunca queremos perder a alma do cervejeiro caseiro, que é de inovar e ter compromisso apenas com qualidade. No início de 2013 tivemos a entrada da cervejeira Maíra Kimura, o que nos ajudou a crescer mais e deixou nosso time mais forte. Então, hoje dividimos muito as funções e tentamos agir o mais coletivamente que podemos, mas podemos dizer, em linhas gerais, que o Salo cuida da área comercial, financeira e novos projetos; Maíra da operação, logística e gestão e Bernardo da produção de cervejas e comunicação da 2cabeças.

Lupulinas – Afinal são três ou duas cabeças?

2cabeças – Duas cabeças pensam melhor que uma! Acreditamos no coletivo, na combinação de elementos, no equilíbrio. O nome veio disso, nunca foi por sermos duas pessoas a fundar a cervejaria. Mesmo no começo, houve a possibilidade de entrar um terceiro elemento, e não foi cogitado mudar o nome. Há uma associação às pessoas, que é natural, mas esperamos que ela perca força pois, como falei, o coletivo sempre vence. Uma empresa não é apenas o espelho dos fundadores, dos sócios ou de quem for. É o resultado de um trabalho de várias pessoas, que vão passando pela empresa.

Lupulinas – Vocês foram muito ousados em destruir a marca 2cabeças, que já começava a se firmar no mercado cervejeiro alternativo, para adotar o X (sem marca). Por que essa decisão?

2cabeças – A gente não matou o nome 2cabeças, apenas a logomarca e os rótulos. Achamos que era o momento de mudar, de buscar outros caminhos em termos visuais, e ainda há novidades que vem por aí. Aguardem cenas do próximo capítulo.

Lupulinas – Vocês vão dar novos nomes às suas já consagradas garrafinhas. O quê vai virar o quê, quais as novidades e qual tipo de cerveja não vai mais ser feita por vocês.

2cabeças – Dentro desse conceito de não marca, deixamos as cervejas com nomes genéricos, como X Black IPA. É, também, uma homenagem aos cervejeiros caseiros que não batizam suas cervejas, muitas vezes, assim como não rotulam. Mas, naturalmente, não vamos abandonar os nomes das cervejas definitivamente. Hi5 e Maracujipa tem uma história muito importante e verdadeira para a gente. Fora elas, lançamos nossa X Session IPA, que está inserida neste momento sem marca e depois entra em nova fase. Ela é uma versão de IPA mais leve, com foco em drinkability, mas sem perder o caráter de lupulagem extrema que uma IPA pede. Ela será mantida na nossa linha fixa. Já era uma receita que planejávamos lançar há meses e finalmente conseguimos!

Lupulinas – “Trocamos a marca por mais lúpulo” é o slogan da mudança da empresa. Vocês acham que esta paixão pelo lúpulo veio pra ficar no mercado cervejeiro artesanal?

2cabeças – Acho que o lúpulo representa a quebra de paradigma das cervejas de massa. A atitude, a vontade de ser diferente. Dentro deste segmento, ele é muito importante, e está cada vez mais em alta. Ele é o tempero da cerveja, e muita gente não gosta de comidas insossas como as congeladas de produção de larga escala. Muito melhor a lasanha da vovó, cheia de recheio e temperos, do que algo genérico para microondas, massificado e feito com foco em critérios como baixar custo, ser o mais neutro possível e ter um índice de rejeição mais baixo possível. Buscamos o melhor, e o melhor para mim pode desagradar a muitas pessoas. E isso é ótimo, viva a pluralidade! Não acreditamos apenas no lúpulo, mas na diversidade e na ousadia. A acidez é algo que virá, assim como a utilização de insumos locais em maior quantidade.

Lupulinas – Qual o principal entrave para baratear as cervejas artesanais brasileiras?

2cabeças – O imposto é cruel e não faz distinção do tamanho das empresas. Então, produtos mais caros de se produzir geram impostos mais altos e assim chegam ainda mais caros para o consumidor final. Para vender uma long neck de cerveja artesanal, uma cervejaria acaba pagando, muitas vezes, só de imposto mais que o preço de uma cerveja de massa custa no mercado. E aí, temos outros impostos embutidos no custo, como questões trabalhistas (há muitos mais funcionários por litro produzido em relação às grandes), custo de importação de insumos, fundamental já que não há lúpulos nem maltes especiais de origem. Temos a famigerada ST, que gera uma bitributação quando o produto sai do estado produtor. O custo de frete é alto no país. É uma bola de neve.

Lupulinas – Qual a principal dificuldade para distribuir suas cervejas?

2cabeças – Ter uma produção regular, já que não temos cervejaria própria, e acompanhar mais de perto a distribuição fora do Rio de Janeiro. Somos pequenos ainda, então acabamos não tendo braços para estarmos mais próximos. Mas temos distribuição hoje em cinco estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Já houve interessados em distribuir para outros estados, mas por enquanto estamos focando nestes para manter um controle melhor. Elas acabam chegando a alguns outros estados através de clientes que compram direto da gente, mas é algo pequeno ainda.

Lupulinas – Quem faz a distribuição da X para todo o Brasil?

2cabeças – Da 2cabeças, né? :) Não temos distribuição nacional, como falei acima. No Rio, temos a nossa distribuidora. Nos estados citados, temos representantes regionais que fazem este trabalho em parceria com a 2cabeças. Nos estados onde não temos distribuição, nossa atuação se resume a compra direta da nossa distribuidora no Rio de Janeiro. Desta forma, hoje há cervejas da 2cabeças no Mato Grosso e no Piauí.

Lupulinas – Finalmente, agora, aquele “furo de reportagem” para as Lupulinas… ;)

2cabeças – Estamos preparando mudanças e tudo isto foi planejado. Trocamos a marca por mais lúpulo por que nós quisemos. Não fomos processados, como muitos falaram. Não brigamos entre nós. O Eike não comprou a 2cabeças. Não vamos mudar as receitas das nossas cervejas que estão no mercado… ufa!

Westvleteren: Melhor Cerveja Do Mundo Que Só Se Bebe Ali Perto Onde Os Monges A Produzem

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fotos de Cilmara Bedaque

 Nós, Lupulinas, adoramos fazer turismo cervejeiro. Visitar pequenas cervejarias pelo país e pelo mundo é garantia de nos depararmos com regiões, cidades e situações que não constam nos roteiros e guias regulares. Para isso, o automóvel tem sido um grande aliado, já que as fábricas, mosteiros e micro-cervejarias se localizam em pequenas cidades do interior deixando a hospedagem mais barata e a viagem mais divertida :)

Um dia, decidimos que era o momento de conhecer a tão falada Melhor Cerveja Do Mundo Que Só Se Bebe Ali Perto Onde Os Monges Produzem. Fomos então para Westvleteren, oeste da Bélgica, quase na fronteira com a França, na Abadia de Saint Sixtus, em frente ao In de Vrede, bar-restaurante onde se bebe a tal Melhor Do Mundo.

É bom que se saiba que os monges produtores de cerveja trapista são da Ordem dos Cistercienses Reformados de Estrita Observância (amamos este nome) e que, mesmo existindo 170 mosteiros desta ordem no mundo, apenas sete têm licença para produzir a renomada iguaria líquida. Seis deles ficam na Bélgica (Rochefort, Westmalle, Westvleteren, Orval, Achel e Chimay) e um na Holanda (La Trappe).

Poperinge, a capital do lúpulo belga

Vínhamos fazendo pequenas escalas pelos Países Baixos, desde Amsterdam, e resolvemos nos hospedar em Poperinge, pequena cidade de 12 mil habitantes a 11 km da abadia. Pouso calculadamente estratégico, bem perto da Melhor do Mundo. Por recomendação do amigo Edu Passarelli, ficamos no Café de La Paix que, além de pequeno hotel, é também um restaurante com ótimas cervejas locais. Se você preferir fazer um bate-e-volta, vindo de cidades mais conhecidas e turísticas, há boas opções: Westvleteren fica a 70 km de Bruges (um encanto de cidade e com três ótimos bares/cervejarias, sobre os quais falaremos em outro post), a 135 km de Bruxelas e 280 km de Paris.

Vale pernoitar em Poperinge, cercada pelas plantações dos melhores lúpulos da Bélgica e uma cidade muito agradável, cheia de história. Logo na praça principal nos surpreendeu a estátua de um ser, digamos, peculiar: uma espécie de Don Quixote gnomo, montado de costas num burro e carregando uma rocha no colo. Descobrimos depois que a figura era um tal de Squire Ghybe, ser asqueroso que representa as três cidades vizinhas rivais (Gent, Bruges e Yeper), potências da indústria tecelã que governavam a província de Flandres (o burro) de maneira equivocada (de costas) carregando a cidade de Poperinge (a rocha).

In de Vrede e Saint Sixtus

Como não existem ônibus, carroças ou trens para Saint Sixtus, foi indispensável o uso do carro e um GPS porque os monges trapistas desta abadia não gostam de placas indicativas e outras facilidades que observamos em outros monastérios que visitamos. Chegar a Westvleteren é uma espécie de Corrida Maluca praticada com prazer pelos amantes da cerveja em todo o mundo (mesmo os 11 km desde Poperinge foram cheios de voltinhas).

Depois de nos perdermos e nos acharmos, encontramos a abadia, que passava por algumas reformas e muitas dificuldades financeiras. Das sete abadias com certificados para a fabricação de cervejas trapistas no mundo, o mosteiro de Westvleteren é o único que não exporta nem comercializa suas bebidas fora da região. Eliminando custos, as garrafas não têm rótulo. Isso lhe confere certa mística, mas também limita a entrada de grana. Apesar disso, eles não pretendem aumentar a produção que é trabalho de apenas dez dos trinta beneditinos que vivem no monastério.

É para o sustento dos monges e para a manutenção da produção que, em frente à abadia, funciona um grande bar que serve exclusivamente os três tipos de cervejas Westvleteren e vende copos, queijos e outros itens. Atenção, porque não é restaurante. Para acompanhar as cervejas, você pode escolher o maravilhoso queijo trapista feito com a própria cerveja, alguns embutidos, conservas e só.

Se você quiser levar bebida para o hotel ou para o Brasil, prepare-se: é dificílimo sair dali com garrafas. Quem sai com um pacote de seis, por exemplo, tem que ter agendado a compra e deve trazer de volta os cascos no dia seguinte, sob pena de ser banido para sempre (Tá, esse papo de ser banido é um exagero, mas é verdade que é quase impossível sair com garrafas de Westvleteren). Enfim, beba o que você quiser beber ali mesmo. Serão momentos inesquecíveis. Só para sofrermos, informamos que cada Wesvleteren custa um euro e sessenta centavos, menos que uma Skol na balada /o\

Qual o segredo da Melhor Cerveja do Mundo? Apostamos que há algo naquela levedura, guardada a sete chaves pelos monges desde 1838. Por sorte, ela também pode ser apreciada nas cervejas St Bernardus, da vizinha cidade de Watou que, até 1992, fabricava as Westvleteren (que depois voltaram a ser produzidas na abadia de Saint Sixtus, exigência para ostentar o selo “trapista”). Assim se você quiser saber, de longe, qual o sabor da Melhor do Mundo, beba uma St Bernardus, facilmente encontrada aqui no Brasil nas melhores casas do ramo.

Trapistas e Abadessas

Fugindo de nosso estilo resolvemos descrever as sensações que tivemos em Westvleteren experimentando a sacrossanta cerveja e suas aparentadas.

WESTVLETEREN BLONDE – garrafa de 33 cl 5,8%alc – Altamente lupulada, álcool esparramado e redondo, espuma persistente e generosa agarrando-se ao copo. Cítrica, levemente picante, mas de maneira harmoniosa com outros ingredientes, esta blonde deixa um sabor levemente amargo e delicioso em sua boca.

WESTVLETEREN BRUIN 8 – garrafa de 33cl 8% alc – dark ale – Cor marrom, chocolate bem escuro, como é característica das darks, com espuma consistente e generosa. No olfato, caramelo e marzipã, levemente perfumado. Muito lúpulo ou a qualidade do lúpulo usado nos lembra o tempo todo que estamos bebendo um líquido feito à base desta planta. Na boca, um chocolate e álcool muito bem balanceados como se um licor sem açúcar estivesse em nossa boca. Mais que chocolate sentimos a presença do cacau.

WESTVLETEREN BRUIN 12 – garrafa de 33 cl 10,2% alc – ainda uma dark ale de cor marrom parecidíssima com a 8. O aroma frutado lembrando frutas pretas nos remete às amêndoas que estão presentes também em seu sabor. Alta complexidade em seu paladar revelando um lúpulo de excelente qualidade e uma receita de raro equilíbrio. Talvez a melhor cerveja que tenhamos bebido em nossas vidas até agora. Maltada sem ser enjoativa graças às arestas proporcionadas pelas especiarias e pelo lúpulo. Aquece.

ST BERNARDUS PATER 6 – garrafa 33 cl 6,7% alc – abadessa – uma cerveja de alta fermentação, refermentada na garrafa, da região de Watou. Boa espuma, leve, de coloração marrom turva. Na boca, é redonda, sem arestas e com boa acidez. Não é doce, nem caramelizada e seu amargor é leve.

WATOU’S BIERRE BLANCHE – garrafa 33 cl 5% alc – cerveja típica da região. Alta refrescância, aroma e gosto de limão dominantes. Uma verdadeira limonada com lúpulo.

ST BERNARDUS Abt 12 – garrafa 33cl 10% alc – abadessa refermentada na garrafa com espuma densa e cremosa, aroma lupulado e cacau. Cor marrom escura e opaca. No paladar, amêndoas, secura e álcool bem amarrado ao lúpulo.

ST BERNARDUS TRIPEL 8 – garrafa 33 cl 8% alc  - servida com levedo num copinho à parte, no In De Wildeman, bar de Amsterdã, que merece um post no futuro. Os toques de marzipã e amêndoas, presentes na levedura do copinho, são bem mais sutis no copão. A dica é beber um pouco da levedura do copinho intercalando com goles da cerveja e ir adicionando aos poucos a levedura ao copão.

 

Na saída de Poperinge atravessamos campos e campos preparados para a nova safra de lúpulos recém semeados. As estruturas de madeira que servem de apoio ao lúpulo, uma planta trepadeira, erguiam-se lado a lado da estrada. Uma boa imagem para despedida que só nos deu a brilhante idéia de voltar na época da colheita.

 



In de Vrede

Donkerstraat 13

8640 Westvleteren

Telefone In de Vrede: 057/40.03.77

 

Abbey Saint Sixtus of Westvleteren

Telefone Westvleteren: +32 (0)70/21.00.45

 


 

#OPORTUNIDADE de 8 a 17 de novembro acontece a Semana da Cerveja Belga em São Paulo e Campinas,  promovida pelo Consulado da Bélgica. Muitos rótulos com descontos.

Mais informações https://www.facebook.com/events/1380225542202210/?ref=22

 

 

Dogfish Head: criatividade e sabor

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Quando alguém vai fazer turismo nos Estados Unidos, pensamos em destinos como Nova York, Miami e Califórnia. Que diabos nós, Lupulinas, fomos fazer no estado de Delaware? A resposta só poderia ser: beber cerveja. \o/

Quem assistiu a série Mestres Cervejeiros na TLC deve se lembrar das aventuras de Sam Calagione pelo mundo inteiro atrás de novas receitas e parcerias para sua cervejaria Dogfish Head (algo como Cabeça de Cação, embora o logo da cervejaria seja o cação inteiro). Pois foi para beber as Dogfish in loco, fresquinhas, que nós fomos parar em Delaware.

Em Washington DC, alugamos um carro e em pouco menos de 3 horas chegamos em Rehoboth Beach (pronuncia-se “rirrôbo”), um pequeno balneário onde fica o pub de Caligione. Antes atravessamos a Chesapeake Bay Bridge, uma ponte maravilhosa de 7 km de puro aço que separa os estados de Maryland e Delaware. Ficamos num hotelzinho barato a poucos quarteirões do bar, sabendo que iríamos freqüentá-lo em cada um dos três dias de estadia.

O ambiente do pub é acolhedor, a poucos quarteirões da praia de Rehoboth, com estacionamento para os clientes e WI-FI gratuito. Logo na entrada, uma lojinha vende cervejas engarrafadas e mercadorias promocionais: copos (inclusive o novo copo especial, desenhado para acentuar o aroma e sabor das India Pale Ale), camisetas, bolachas, flâmulas, abridores, camisetas e até coleira para seu cachorro! Os funcionários são atenciosos e gentis, sem aquela pressa característica do serviço das capitais. Entre freqüentadores, casais de todas as idades, orientações sexuais e famílias com crianças (ao menos durante o dia).

A comida é boa com pratos principais, sanduíches ou snacks. Além das ofertas ‘on tap’ (chopp) diárias, todas as cervejas da DH estão disponíveis em garrafas de 660ml ou em packs de seis de 330ml. Uma boa pedida é experimentar as sazonais, mais difíceis de encontrar no Brasil, ou então algumas receitas que a cervejaria não engarrafa, como a History of Past Years, feita a partir de pão fermentado, estilo Kvass, como as feitas na Europa Oriental do século 10. Para quem se preocupa com sustentabilidade, a cervejaria faz questão de propagandear seus esforços pró-ecológicos, usando ingredientes locais na manufatura de suas sazonais.

O som ambiente é rock’n roll e, nos fins de semana, o pub tem música ao vivo com bandas iniciantes e, às vezes, até artistas mais conhecidos e amigos de Sam que vão ali beber cerveja e dar uma canja. Morremos ao ver um cartaz que anunciava a passagem de Bill Callahan pelo pedaço. (Que tal, Lorena? *-*)

Mas, além do pub, é obrigatória uma visita à fábrica, que fica em Milton, ainda em Delaware, a 20 minutos de Rehoboth Beach, onde são produzidas diariamente 9.000 caixas de cerveja (24 garrafas em cada caixa), além das que vão direto para os barris de chope. Os tours podem ser marcados antecipadamente ou você pode arriscar chegar sem agendamento, esperar um pouco e se encaixar em algum grupo (12 pessoas por vez). Eles acontecem de hora em hora e são bastante informais, começando ali mesmo na recepção/loja, onde aprendemos o básico da feitura das cervejas e as particularidades de cada estilo.

O guia é descolado, conta a história da cerveja e da cervejaria. Lá ficamos sabendo que, fundada em 1995, o investimento colocado na DH só foi recuperado depois de 12 anos de muito trabalho e dedicação.

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Depois, adentramos a fábrica (única exigência é ir de calçados fechados e usar óculos protetores que eles fornecem ali mesmo) para ver em detalhes todas as etapas dos processos de cozimento, fermentação, adição de lúpulos e etc. Dez enormes tonéis de aço da altura de dois andares são impressionantes e comandados por três engenheiros que ficam no centro operando computadores que misturam todos ingredientes através de canículas espalhadas por todo o teto da fábrica. Isso sem falar no xodó de Sam: dois enormes tonéis de carvalho, à prova de bala ¯\_(?)_/¯ usados para dar um toque amadeirado em algumas receitas que passam por envelhecimento típico dos vinhos. Logo de cara é demonstrado o orgulho em fazer cerveja com malte de cereais que não milho, soja ou aveia, que fermentam muito rapidamente e por isso é usado pelas grandes cervejarias brasileiras. A fábrica, que começou pequena, hoje é completamente automatizada e continua a se expandir, sem perder sua vocação artesanal e sustentável. Até o bagaço descartado é reaproveitado e alimenta o gado da vizinhança e os kegs (barris de chope) são reciclados.

Vale ressaltar a escultura retrô-futurista Steampunk Tree, do artista Sean Orlando, que encontrou na entrada da fábrica da Dogfish Head morada permanente. É uma atração à parte e mostra o compromisso de Caligione com a arte, presente também nos rótulos de suas cervejas, simplesmente maravilhosos. Infelizmente, pelas leis estaduais, a fábrica só pode oferecer quatro “samplers” (copinhos de 100 ml) de suas cervejas a cada visitante. Ou seja: se você quiser continuar bebendo, terá que voltar ao pub ou comprar garrafas ali mesmo para levar para casa ou para o hotel (o que já é um bom consolo, difícil mesmo é não levar quase tudo que tem na loja).

Cervejas que experimentamos no pub e na fábrica da Dogfish Head:

- Namaste: fraquinha, sem revelar grandes surpresas além das notas cítricas. ABV 5 IBU 20
- Positive Contact: muito boa, lembra uma típica abadessa pela quantidade alcoólica e pela complexidade. ABV 9 IBU 26
- Province Windsor Ale: uma especial de primavera, amarga na medida, com álcool deliciosamente mesclado aos maltes ingleses escolhidos. ABV 8,2 IBU 44
- Aprilhop: uma IPA sazonal levemente frutada com toques de damasco, bem gostosinha. ABV 7 IBU 50
- 60 minute IPA: maravilhosa, bem fresca (na pressão, muito melhor que a engarrafada), um dos carros-chefe da casa e nossa preferida. ABV 6 IBU 60
- 90 minute IPA: uma Imperial IPA mais alcoólica, lupulada e pungente que a 60 minutes. ABV 9 IBU 90
- 75 minute IPA: simplesmente uma mistura das duas IPAs citadas acima. Coisas de Sam. -
Indian Brown Ale: uma Ale encorpada e com amargor na medida. Combinou bastante com a noite fria. ABV 7,2 IBU 50
- Raison D’Etre: próxima ao vinho na fermentação e na alma. Não gostamos muito por conta dos toques doces de uva passa, um tanto enjoativos. ABV 8 IBU 25
- Sah’tea: com forte gosto de chá, outra cerveja que não nos conquistou. ABV 9 IBU 6
- History of Past Years: Vange gostou e Cilmara, não. Azedinha, parece pão líquido. Cilmara acha boa para “limpar a serpentina”. ABV 4 IBU 2

*ABV= graduação alcoólica *IBU= amargor

Maiores informações sobre as cervejas, fábrica e tours, no site da Dogfish Head dogfish.com

PS: se você não quiser ficar só no turismo cervejeiro, Rehoboth Beach tem uma praia linda (ventosa e com mar bravo, mesmo em dias quentes) e mais de uma dezenas de Outlets com lojas famosas e preços abaixo dos cobrados nas capitais e grandes cidades dos Estados Unidos. A neblina por lá é tão característica que em um cruzamento no meio da cidade colocaram um farol. Mesmo. Desses que ficam no mar.

 

 

CERVEJARIA NACIONAL: onde você vê ser feito o que vai beber

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Fomos visitar a Cervejaria Nacional depois de ficarmos bem impressionadas com a Mula que experimentamos no IPA Day 2013 em Ribeirão Preto. Sim. Mula é o nome da IPA – Indian Pale Ale – um dos cinco estilos de cerveja fabricados pela CN, todos homenageando um personagem do folclore brasileiro.

A Cervejaria Nacional nasceu em 2006 e, desde 2011, está instalada em Pinheiros num espaço confortável, sem firulas, mas cheio de boas idéias. No primeiro andar, está instalada a fábrica com seus tanques e aromas onde são produzidos cinco mil litros de cerveja por mês. No segundo andar, onde você pode ver a fábrica através de vidros, um balcão, mesas e um palco bem esperto para bandas de rock, blues e jazz que se apresentam depois das nove da noite. No terceiro andar, a cozinha do restaurante e um enorme salão que abriga grupos maiores e também quem queira um ambiente longe do agito.

Mas o grande atrativo realmente é você ver todo o processo de fabricação do que vai beber, ali, logo atrás do vidro. Todas as cervejas (servidas como chopp) foram criadas pelo sócio e mestre-cervejeiro Luis Fabiani e são produzidas ali mesmo por Guilherme Hoffman. E você pode acompanhar o processo desde a moagem do malte até a filtragem e fervura do mosto, passando pela adição do lúpulo, fermentação e maturação da mistura.

Para os apreciadores o cheiro do mosto que invade a casa no primeiro andar é melhor que um Chanel 5 ou um campo de lavanda.

Os cinco estilos fabricados pela Cervejaria Nacional são:

- Y-îara Pilsen que, como o nome indica, é uma seguidora do estilo tcheco, com leve amargor e boa presença de lúpulo.

- Kurupira Ale, uma Brown Ale amendoada e menos seca que as inglesas de mesmo estilo.

- Domina Weiss, feita de trigo e fiel ao estilo alemão, não filtrada, com um sabor cítrico bem refrescante e ideal para nosso verão. A espuma consistente se agarra ao copo e, embora seja bem alcoólica, não sentimos no paladar.

- Sa´si Stout, encorpada, feita com malte torrado e com bom equilíbrio entre este e o amargor do lúpulo.

- Mula IPA, carro-chefe da casa e já vendida em garrafas que você pode levar pra casa \o/. Em nossa opinião, uma das melhores produzidas aqui no Brasil. Mas preste atenção que, embora não sintamos no paladar, a graduação alcoólica é de 7,5%.

Todas são preparadas sem conservantes, antioxidantes, estabilizadores e enzimas usados nas grandes cervejarias. São servidas em copos de 320 ml e 550 ml, com preços variando entre R$10,00 e R$17,00. A boa é chegar na happy hour – entre 17h e 20h – onde você bebe duas pelo preço de uma, gastando o mesmo que gasta em uma ampola (de milho, hahaha) no boteco. Ah! E se você quiser experimentar estes cinco tipos sem ficar totalmente trelelê, a CN tem um simpático sampler com copinhos de 120 ml a um custo de R$25,00.

Além destes estilos, a CN oferece também algumas sazonais feitas também em sua fábrica, um belo cardápio de importadas em garrafas, outras convidadas de outras cervejarias servidas também como chopp e, para agradar a outros grupos, caipirinhas, coquetéis e destilados.

Mas beber sem comer não dá em boa coisa e, seguindo a criatividade das bebidas, a cozinha é responsabilidade do chef Alexandre Cymes que pensou em pratos que somassem quando apreciados junto às cervejas da casa. Algumas receitas inclusive usam as cervejas em sua preparação. E dá-lhe, como aperitivo, Costelinha com molho barbecue de Kurupira Ale; Pão de bagaço de malte com manteiga de cerveja e molho picante de ervas, Croquete de Carne bem sequinho, um delicioso Caldinho de Feijão e muitas outras boas invenções. Se quiser comer mais profissionalmente, pratos como Fish and chips, com o peixe empanado na Domina Weiss acompanhado de fritas, aïoli e saladinha de rúcula; Risoto de Costelinha e muitas opções de carnes, peixes e aves. Pra não deixar ninguém em jejum, saladas e sanduíches completam o cardápio.

Com um site informativo e bonito, qualquer dúvida pode ser desfeita e mais a programação e novidades no
http://www.cervejarianacional.com.br/

PS: a Cervejaria Nacional acaba de inaugurar um serviço muito comum nas fábricas lá da gringa. A venda de um growler – garrafão de 2 litros – que você compra uma vez e depois pode ficar levando pra casa o estilo de cerveja que quiser. Caprichado, revestido de cerâmica e com uma bela tampa contra vazamentos, o garrafão sai por R$70,00 e qualquer estilo de cerveja da CN, R$21,00 o litro.

Cervejaria Nacional
Av. Pedroso de Morais, 604 – Pinheiros – São Paulo
Telefone: 11 4305-9368
Telefone para reservas: 11 3628-5000
Horário de funcionamento: 2ª a 4ª das 17h00 às 24h; 5ª das 17h00 à 01h30; 6ª e Sábado das 12h00 à 01h30 e feriados a partir das 12h.