Porter: o estilo das docas

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texto: Cilmara Bedaque

fotos: Cilmara Bedaque e divulgação

Embora nosso inverno não tenha a potência de um inverno europeu, nos meses mais frios do ano é sempre salutar mudar o estilo da cerveja que bebemos não só pra acompanhar melhor o que comemos, mas também para nos aquecer e oferecer novos horizontes a nossa cultura cervejeira.

Normalmente as cervejas mais escuras cumprem este papel, mas dentro desta classificação por cor existem muitos estilos e hoje vamos falar da Porter, um clássico no mundo cervejeiro. Sua história é curiosa já que é um estilo que nasceu em 1700, na Inglaterra e era uma mistura de três outras cervejas: a Old Ale, Pale Ale e Mild Ale. Quando misturadas no copo ela levava o nome de Entire (inteira) e logo fez a fama entre os trabalhadores das docas. Sim, porque além de esquentar, graças à sua graduação alcoólica, ela era cremosa e valia como uma refeição.

Na segunda metade do século XVIII, Arthur Guinness levou a Porter para a Irlanda, mudou sua receita introduzindo malte tostado e ácido carbônico e lançou a famosa garrafinha preta que, até hoje, é marca conhecida e consumida em todo o mundo. Com a subdivisão de estilos e tipos, hoje a Guinness é uma Dry Stout.

E aí começam as confusões entre os estilos Stout e Porter. As diferenças são motivo de debates e discussões no meio cervejeiro, mas de maneira geral, podemos dizer que as Porters têm uma cor que vai do marrom escuro ao preto, são cremosas, e com malte tostado ou torrado. As Stouts começaram sendo um subestilo das Porters, mas foi reinventada ganhando várias características e nomes como Dry, Imperial, Oatmeal e muitos mais. A maior presença do malte torrado e maior graduação alcoólica nas Stouts e um pouco de caramelo nas Porters pode ser também outra diferença entre elas.

Mas voltemos à história.
No inicio do século XIX, o estilo foi praticamente extinto, mas aí começam as lendas da cultura cervejeira. Dizem que os czares russos pediram uma encomenda de Stout mais alcoólica e encorpada para os ingleses e aí nasceu o estilo Imperial Stout que hoje é conhecido como Russian Imperial Stout. Lenda ou não o que importa é que, recentemente, nos anos 80 do século XX, os micro cervejeiros americanos, como forma de homenagear a historia, começaram a resgatar a receita da Entire e as Porters voltaram à mesa dos bares em muitos sub-estilos e conquistando paladares que não são restritos à classe dos trabalhadores dos portos como em sua origem.

Hoje na receita da Porter é usado malte torrado, café, chocolate e, em alguns estilos, muito lúpulo. Esses ingredientes resultam numa graduação alcoólica que pode chegar a até 12% o que contribui bastante para o efeito forninho que ela provoca em nossos corações e mentes.

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2 thoughts on “Porter: o estilo das docas

  1. Olá pessoal!

    Não sou especialista, sou apenas mais um entusiasta preparando essas delícias em casa.

    Creio que a afirmação do artigo, "Dizem que os czares russos pediram uma encomenda de Porter mais alcoólica e encorpada para os ingleses e aí nasceu o estilo Imperial Porter que hoje é conhecido como Russian Imperial Porter", não procede.

    Dentro do estilo Porter, não existe a variação Russian Imperial Porter. Aí que pode haver uma pequena confusão. A variação Russian Imperial Stout, essa existente, é pertencente ao estilo Stout.

    Porter e Stout são famílias distintas, assim como Imperial Porter e Imperial Stout, são cervejas também distintas, e a Russian Imperial Stout é uma variação da família Stout.

    E aí sim, a história envolvendo os czares russos se encaixa junto ao estilo Stout.

    No link que segue abaixo, achei um artigo interessante sobre lendas e verdades referentes as origens da Porter. Bem interessante, longo e um pouco confuso.
    http://www.breweryhistory.com/journal/archive/112

    Parabéns pelo blog e continuarei acompanhando…

    • valeu, Mauricio!
      o texto apresentava uma confusão de tão confuso que são estes dois estilos /o
      erro apontado, erro corrigido!
      gracias e volte sempre!

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